Falando em Khan Younis (Sul da Faixa de Gaza) numa missão oficial, James Elder disse à agência Anadolu que as famílias palestinianas estão a lutar duramente para assegurar pelo menos uma refeição diária aos seus filhos.
Em seu entender, a situação humanitária no enclave é «desoladora, horrível e desesperada», já que as bombas e os mísseis israelitas superam de longe a quantidade de comida que entra no território.
Elder disse à agência turca que as esperanças brevemente suscitadas pelas discussões sobre um cessar-fogo praticamente desapareceram.
«Houve um aumento momentâneo da ajuda e pequenas melhorias no fornecimento de água e alimentos», disse. «Mas este optimismo dissipou-se rapidamente perante um bloqueio catastrófico à ajuda humanitária», frisou.
As famílias em Gaza, observou, aguentam noites implacáveis sob ataques aéreos e passam os dias a fugir da fome e das explosões. «Todos os limites conhecidos da resistência humana foram quebrados», afirmou Elder, frisando que «as mães passam dias sem comer só para conseguir uma única refeição para os seus filhos».
O representante da Unicef disse que muitas famílias viveram em tendas mais de seis meses, sob o fogo contínuo de tanques, e que agora estão a ser obrigadas a mudar-se novamente. Gaza enfrenta esta realidade devastadora há mais de 600 dias, sublinhou.
Referindo-se à ausência de celebrações do Eid (festa muçulmana) em Gaza há dois anos, o responsável afirmou: «Em vez de alegria, as famílias reúnem-se em silêncio para recordar aqueles que perderam, rodeadas por uma sensação avassaladora de tristeza e abandono.»
«Não há casas, nem abrigos – apenas perda. As pessoas passaram a vida a construir casas e jardins, e agora tudo desapareceu», acrescentou.
Nestas condições, fazer uma estimativa do número de crianças que morrem por dia ou por semana é quase impossível, disse James Elder, alertando para o facto de muitas crianças malnutridas estarem a morrer de doenças curáveis.
«A malnutrição grave aumenta em dez vezes a probabilidade de uma criança morrer de algo sem importância. É um ciclo mortal: fome, água suja e falta de cuidados básicos de saúde», advertiu.
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