|salário em atraso

Trabalhadores da revista Visão e JL sem salários à vista

Até ao dia 5 de Janeiro, apenas os jornalistas e trabalhadores da Revista Visão e do Jornal de Letras com remunerações mais baixas receberam o salário de Dezembro. É uma «turbulência» que dura desde 2022, assume o dono.

Luís Delgado, dono da Trust in News, comprou 12 títulos ao Grupo Imprensa em 2018, por mais de 10 milhões de euros. 
Créditos / meiosepublicidade

Em Janeiro, o atraso no pagamento dos salários na Revista Visão, detida por Luís Delgado, do Grupo Trust in News (que controla ainda a Exame, Jornal de LetrasActiva e outras publicações), já se repetia desde Novembro: os trabalhadores continuam a ser pagos com um atraso significativo, para lá dos limites legais, devido a problemas de tesouraria, segundo alega a empresa. No ano novo, os salários e o subsídio de Natal dos trabalhadores ainda não tinham sido pagos.

Numa mensagem endereçada à redacção da Visão, a que o AbrilAbril teve acesso, enviada a 22 de Dezembro e poucos dias antes de a empresa falhar um novo prazo de pagamento, Luís Delgado desejou um «Bom e Feliz Natal – por irónico que seja – e um 2024 juntos e unidos» aos trabalhadores.

«2024 vai ser um ano de mudanças e de consolidação. Seguir o que foi bem feito, acelerar o que está a fazer-se, e mexer no que está parado». A primeira experiência, no entanto, não está a correr bem, já que a maior parte dos trabalhadores começou o ano sem receber a justa retribuição pelo trabalho produzido. «Ninguém vai deitar a toalha ao chão. E não há Estratego, ou Fundo, ou Chinês, ou Russo, ou Angolano, que faça o que a nós compete». De salientar que, nos últimos dois anos, a Visão perdeu os cronistas Ricardo Araújo Pereira e Joana Marques, o Grande Repórter Miguel Carvalho (vencedor, em 2023, do Prémio Gazeta), a directora da revista Visão História Cláudia Lobo e a directora da Visão, Mafalda Anjos.

A Trust in News Unipessoal, propriedade de Luís Delgado, adquiriu, em 2018, a revista Visão e outras 11 revistas do Grupo Imprensa: Activa, Caras, Caras Decoração, Courrier Internacional, Exame, Exame Informática, Jornal de Letras, TeleNovelas, TV Mais, Visão História e Visão Júnior. O negócio custou 10,2 milhões de euros ao jornalista e comentador.

«Só falta dizer que os responsáveis são os jornalistas»

É o segundo grupo de comunicação social portuguesa a não pagar salários em Dezembro, depois da situação conhecida na Global Media Group (Diário de Notícias, Jornal de Notícia e TSF), onde se adivinham despedimentos colectivos e o encerramento de vários importantes e históricos títulos.

Na 38.ª edição de entrega dos Prémios Gazeta, realizada a 5 de Janeiro, em Lisboa, o Presidente da República, «considera que isto não está mal, está muito mal». «É fundamental olhar enquanto é tempo e para o ano nos encontremos sem estes despedimentos, sem estes não pagamentos de salários, sem esta indefinição em que ninguém é responsável, não é o proprietário, não é o gestor, não é o financiador, não é ninguém com responsabilidades administrativas, morreu solteira a culpa».

«Às tantas só falta dizer que os responsáveis são os jornalistas. Para que quiseram ser jornalistas e escolheram a porta errada». Os trabalhadores da Global Media vão fazer uma greve geral no grupo no dia 10 de Janeiro.

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