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Dados divulgados pelas empresas em comunicados divulgados pela CMVM

Vendas do Pingo Doce e Continente em alta sem reflexos nos salários

As vendas no nosso País dos dois principais grupos portugueses de retalho subiram 500 milhões de euros em 2017, face ao ano anterior. A Jerónimo Martins e a Sonae, em conjunto, lucraram mais de 800 milhões em 2016.

CréditosMário Cruz / Agência LUSA

As vendas das donas das lojas Pingo Doce e Recheio (Jerónimo Martins), e Continente, Modelo, Worten, Sport Zone e Maxmat (Sonae) registaram um crescimento de 531 milhões de euros em Portugal durante o ano passado, face aos números de 2016 – 173 milhões para a primeira e 358 milhões para a segunda.

Em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a Jerónimo Martins informa que as vendas do Pingo Doce subiram 3,1% e as do Recheio 7,2%. No caso da Sonae, a subida global é de 7,3%, com a Worten a representar o maior crescimento, de 13,4%.

Estes números comprovam a dinâmica positiva do consumo interno registada em 2017, após a reposição e aumento de rendimentos para largas fatias da população, com um forte contributo para os resultados económicos.

Salários no mínimo e aumentos só para alguns

Apesar destes valores, o sector mantém-se como um dos que praticam salários baixos: um quarto dos trabalhadores do comércio grossista e de retalho auferiam o mínimo nacional em 2016.

O Sindicato dos Trabalhadores do Comércio Escritório e Serviços de Portugal (CESP/CGTP-IN) denunciou, em Dezembro passado, a existência de discriminações salariais em ambos os grupos, particularmente no Pingo Doce, cuja dona preside à associação patronal do sector (APED).

Esta insiste na aplicação de duas tabelas salariais diferenciadas, com valores ligeiramente mais elevados para os distritos de Lisboa, Porto e Setúbal, e mais baixos para todos os restantes.

Em Junho, foi denunciado o recurso a estagiários pagos abaixo do salário mínimo nacional pelo Pingo Doce, para suprir o pico de procura durante os meses de Verão no Algarve.

Paixão holandesa

A par desta realidade, ambos os grupos construíram uma teia de participações no capital das empresas que detêm, envolvendo várias sociedades constituídas na Holanda, onde o regime fiscal é mais favorável.

A Jerónimo Martins e a Sonae lucraram, em conjunto, mais de 800 milhões de euros em 2016, incluindo todas as operações, como negócios extraordinários. Sem esse efeito, os lucros seria de 550 milhões. Os resultados de 2017 devem ser anunciados no início de Março.

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