Iniciativa dos Comuns: quase duas centenas de personalidades defendem voto na CDU

«Na hora de elegermos quem nos represente, a redução da política a uma simples tarefa de gestão dos danos provocados pelos interesses capitalistas, sem contrapeso político, convida-nos a optar pelo “mal menor”», mas os resultados estão à vista: o governo piorou, a desigualdade económica e social agravou-se, a extrema-direita cresceu.

A diminuição da representação parlamentar do PCP, refere o documento da Iniciativa dos Comuns, «tornou a vida mais difícil para as classes populares: da transferência dos rendimentos do trabalho para o capital à degradação dos serviços públicos, passando pela dificuldade em aceder a habitação condigna».

A ambição de encontrar uma resposta à altura destes problemas levou perto de duas centenas de personalidades independentes, com intervenção nas mais diversas áreas, a preparar um «apelo mobilizador» ao voto na CDU. Os signatários destacam as propostas que esta coligação (PCP e PEV) apresenta contra os «interesses entranhados, do imobiliário à banca», interesses que são responsáveis «pelo crescimento das desigualdades e a diminuição da participação democrática» em Portugal.

«A injustiça e as desigualdades económicas e sociais não se resolverão numa simples competição mediática de apuramento do carisma ou competência retóricas desta ou daquela liderança. É ao lado da cidadania e da militância que se manifestam todos os dias, ainda que bloqueadas mediaticamente, que se torna urgente fazer a democracia e as alternativas acontecerem», seja nos locais de trabalho, nos bairros ou no interior.

A 10 de Março, personalidades como os músicos Valete, Xullaji, Scúru Fitchádu e Rui Sidónio (Bizarra Locomotiva), os historiadores Manuel Loff, José Neves e Ricardo Noronha, os escritores Mário de Carvalho, Rui Zink, Ana Margarida de Carvalho e Sandro William Junqueira, os economistas Nuno Teles, João Rodrigues e Paulo Coimbra, os jornalistas Ricardo Cabral Fernandes, Joana Simões Piedade, Vítor Belanciano e João Ramos de Almeida vão «tomar partido com a “esperança que não fica à espera” [nas palavras de Manuel Gusmão]».

O documento «o trabalho da esperança: razões para um voto», divulgado ontem, ainda está aberto a novas subscrições: mais de 60 pessoas subscreveram a convocatória em menos de 24 horas. Os signatários contam apresentar uma lista finalizada em Fevereiro.