A «delegação portuguesa fez finca-pé e a Palestina não passou do rascunho, ao invés, figura no texto uma referência mais genérica à questão». A denúncia foi veiculada ontem pelo Público e a questão prende-se com uma das propostas que estava sobre a mesa da reunião do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional da CPLP (Cosan), sob o tema «A CPLP e a Soberania Alimentar: Um Caminho para o Desenvolvimento Sustentável». O documento previa «incluir uma referência à insegurança alimentar dos palestinianos de Gaza, devido ao sofrimento a que está a ser submetida a população palestiniana em Gaza, nomeadamente as suas crianças», mas acabou por não ser apresentado na XV reunião da Conferência de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que se realizou ontem na capital da Guiné-Bissau.
Entre os membros da delegação portuguesa, que exigiu cortar a referência à fome na Palestina, uma das armas usadas por Israel no genocídio do povo palestiniano, estava o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, a quem Livre, PCP e BE já dirigiram perguntas, e o PS chamou hoje ao Parlamento para prestar esclarecimentos.
«O actual Governo PSD/CDS já assumiu a sua chocante posição de negacionista face ao genocídio do povo da Palestina; já evidenciou a sua obstinação em manter Portugal na "minoria da vergonha", dos governos que se recusam a reconhecer o estado da Palestina; agora decidiu acrescentar a esse aviltante currículo a sua intervenção para impedir a referência à fome e insegurança alimentar das populações e das crianças de Gaza», lê-se na pergunta lançada pelos comunistas.
Segundo o Público, o Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, plataforma ministerial e multiactores para a coordenação das acções desenvolvidas na área de segurança alimentar e nutricional e assessoria aos chefes de Estado e de Governo da CPLP, «condena a instrumentalização da fome como método de combate em contextos de conflito e expressa a necessidade de acesso ininterrupto, sustentável, suficiente e irrestrito a bens e serviços essenciais para os civis em quaisquer áreas em conflito, incluindo, mas não se limitando a alimentos, água, material médico e energia».
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