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Pelo menos 66 crianças morreram de fome em Gaza devido ao bloqueio israelita

«Gaza é o local mais faminto do planeta», afirmava há um mês um responsável da ONU. Desde então, repetiram-se alertas e denúncias, com a situação humanitária a agravar-se e o número de mortes a aumentar.

Criança de 11 meses com desnutrição grave, em Khan Yunis, Sul da Faixa de Gaza, em Junho de 2025 Créditos / Anadolu

Um representante do Ministério palestiniano da Saúde na Faixa de Gaza revelou este sábado que pelo menos 66 menores morreram devido à falta de comida resultante do bloqueio imposto pela ocupação ao território palestiniano.

Citado pela Prensa Latina, o responsável do ministério chamou a atenção para a situação dos grupos mais vulneráveis, em particular as crianças, uma vez que são as principais vítimas da agressão contra o enclave, desde Outubro de 2023.

Informando que, desde o encerramento das passagens fronteiriças do território, se registaram 8923 casos de desnutrição infantil, o funcionário sublinhou que estes números «reflectem a profundidade da crise humanitária que os habitantes de Gaza enfrentam devido ao facto de o Exército impedir deliberadamente a entrada de comida e medicamentos».

De acordo com o médico, as «condições catastróficas» no território não afectam apenas as crianças, mas têm igualmente impacto em milhares de doentes que aguardam a possibilidade de sair do enclave e receber tratamentos.

«Pelo menos 546 pacientes perderam a vida por falta de tratamento adequado», disse, citado pela fonte, tendo ainda acusado a ocupação de atacar os civis que tentam aceder à ajuda.

Na sexta-feira passada, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que 112 crianças estão a ser internadas diariamente nos hospitais do território palestiniano devido a desnutrição severa.

Desde 2 de Março último, Israel manteve os acessos ao enclave praticamente encerrados, bloqueando a entrada de centenas de camiões carregados com ajuda e deixando entrar apenas uma ínfima parte daquilo que é necessário para fazer frente às necessidades básicas diárias.

«Local mais faminto do planeta»

Há um mês, Jens Laerke, do Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários da ONU (OCHA, na sigla em inglês), disse em Genebra que a Faixa de Gaza «é o local mais faminto do planeta».

Desde então, representantes de várias agências das Nações Unidas têm alertado para o agravamento da crise humanitária no território, para o risco generalizado de fome e para a «armadilha mortal» que representa o esquema de «ajuda» israelita, com apoio norte-americano.

Segundo revela The Cradle, cerca de 600 pessoas foram mortas e 4000 ficaram feridas quando esperavam por ajuda nesses locais sob supervisão sionista.

Testemunhos publicados há dias por um jornal israelita confirmam as denúncias de que esses espaços funcionam como «zonas militarizadas de morte», onde as tropas da ocupação recebem ordens para matar os civis palestinianos à procura de comida.

Nos últimos dias, vários responsáveis da ONU criticaram a utilização da fome como arma por parte de Israel. No dia 24, o representante da ONU Thameen al-Kheetan disse que «pessoas desesperadas e famintas em Gaza continuam a enfrentar a escolha desumana de morrer à fome ou arriscar a vida ao tentar obter comida».

Na mesma semana, Philippe Lazzarini, comissário-geral da agência da ONU para os refugiados palestinianos (Unrwa), denunciou à Anadolu que o mecanismo de ajuda imposto por Israel «humilha e degrada pessoas desesperadas».

No contexto da agressão israelita, que dura há 21 meses, pelo menos 56 500 foram mortas e 133 419 ficaram feridas, revelaram ontem as autoridades de saúde no enclave.

A mesma fonte indica que um grande número de vítimas se mantém sob escombros e detritos nas ruas, devido à incapacidade de as ambulâncias e equipas de protecção civil as alcançar.

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