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Terrenos destinados a habitação pública vão agora ser vendidos a agentes privados

A construção do conjunto habitacional da Quinta das Conchinhas em Lisboa fora promovido pelo IHRU, com a comparticipação do PRR, e era destinado à habitação pública vai agora para as mãos de grandes grupos económicos, por vontade do Governo.

Créditos / Bak Gordon Arquitetos Lda

O Governo vai alienar um conjunto de 16 imóveis do Estado e da empresa pública ESTAMO, com o objectivo de financiar novas políticas públicas de habitação. A medida foi formalizada através da Resolução do Conselho de Ministros e o produto das vendas visa, supostamente, ser canalizado para o Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU).

Entre os imóveis identificados na resolução, destaca-se o terreno da Quinta das Conchinhas, em Lisboa, um dos projectos de habitação pública de maior dimensão actualmente em preparação pelo IHRU.

O projecto em questão prevê a construção de 168 fogos, assim como áreas de comércio e serviços, com edifícios de até oito pisos. A intervenção abrange uma área total de 16 166 metros quadrados, dos quais cerca de 3 900 serão ocupados pela implantação dos edifícios.

Acontece, no entanto, que o projecto financiado por fundos do PRR acabará por não acontecer. Ou melhor, a parte da habitação pública não acontecerá, uma vez que o Governo fez mais uma opção e pretende entregar todos os terrenos a grupos privados, inviabilizando o desígnio inicial. 

De acordo com o Governo, esta estratégia marca uma mudança estrutural na política habitacional: os recursos obtidos com a alienação de edifícios e terrenos do Estado serão reinvestidos diretamente na criação de habitação acessível, reforçando o parque habitacional público, sobretudo em Lisboa e Porto. 

O problema é que, neste caso da Quinta das Conchinhas já estava tudo em andamento para haver esse reforço do parque habitacional público, porém, ao alienar património, o Governo está a servir os grandes grupos económicos e a especulação imobiliária a eles associada. 

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