O anúncio feito pelo Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM), no final de Julho, da preparação de uma reunião entre os ministérios da Saúde de Portugal e de Israel «para discutir potenciais áreas de interesse para cooperação futura entre os dois países», suscitou questões dos grupos parlamentares do BE e do PCP a que o Ministério da Saúde respondeu agora «de forma lacónica», lê-se num comunicado do MPPM.
«Comunica-se, para os devidos efeitos, que não existe qualquer reunião agendada entre os Ministérios da Saúde português e israelita», refere o ministério tutelado por Ana Paula Martins, citado na nota.
O Movimento, que entretanto desconvocou a vigília frente ao Ministério da Saúde, congratula-se por saber que a reunião que estava a ser preparada para ocorrer no dia 2 de Setembro não vai ter lugar, «pelo menos nessa data». Considera o MPPM que tal se deve à exposição pública da «insensibilidade revelada por uma tal iniciativa quando o outro interlocutor é o responsável pelo massacre de dezenas de milhar de palestinos, pela destruição de dezenas de instalações hospitalares e pelo assassinato de centenas de profissionais de saúde palestinos».
Diz, no entanto, que a resposta do Ministério da Saúde «vale muito mais pelo que não diz», uma vez que «não desmente» que tenha estado a preparar a referida reunião, «nem garante que não o esteja a fazer, só que sem data marcada».
Por outro lado, acrescenta, «evade a questão essencial, que é a do relacionamento com o seu homólogo israelita, em particular no actual contexto», tal como não responde à pergunta do PCP sobre «que relações mantém o Ministério da Saúde e os seus organismos» com instituições similares de Israel.
O MPPM critica ainda o facto de o Ministério da Saúde não responder às perguntas dos dois partidos quanto à posição do Governo face à responsabilidade de Israel no massacre em curso do povo palestiniano e, em particular, sobre as ilacções que retiram das deliberações do Tribunal Internacional de Justiça e das posições da Organização Mundial da Saúde e da Organização das Nações Unidas.
A não realização da reunião de 2 de Setembro «é uma pequena vitória» para o Movimento, que vai continuar vigilante sobre a colaboração do Governo português, «intencional ou por omissão», no genocídio em curso na Palestina.
Governo «não pode continuar a alhear-se»
Outra das preocupações é a viagem do navio Kathrin que arvora pavilhão português. Segundo avançou o Movimento, está confirmado que o navio Kathrin, que está a navegar do Vietname para Israel com pavilhão português, «transporta de facto material de guerra», alertando que o Governo português «não pode continuar a alhear-se do problema».
Numa entrevista ao online New Era, a ministra da Justiça da Namíbia, Yvonne Dausab, justificou a proibição de entrada do navio com pavilhão português em águas territoriais daquele país, dizendo que «após uma investigação mais aprofundada pela Força Policial da Namíbia, foi estabelecido que o navio transportava de facto material explosivo destinado a Israel».