Foi através de editais afixados em todo o bairro do Catujal que a Câmara Municipal de Loures informou 36 famílias que estas iam ficar sem casas. Os documentos davam conta de demolições e não era dada alternativa às pessoas que iam ficar sem casas.
A denúncia parte do movimento Vida Justa que afirma que «este despacho é ilegal porque desobriga a Câmara do processo administrativo do regime jurídico da urbanização e da edificação (RJUE), fixando um prazo máximo de 48h para a demolição, e com isso fere o direito de audiência».
Este não é o primeiro caso semelhante no munícipio de Loures, onde o Executivo tem sido alvo de duras críticas pelo discurso de Ricardo Leão, presidente da Câmara e ex-presidente da Federação da Área Urbana de Lisboa do Partido Socialista, que já tinha defendido que quem participava em crimes deveria ficar sem casa, substituindo-se aos tribunais e à justiça.
Com estas 36 demolições, e dado o histórico do militante do PS, o Vida Justa «o Executivo de Ricardo Leão tem adotado uma política de direcionamento de famílias inteiras à pobreza extrema». Segundo o movimento, são vários os casos de famílias que trabalham e estão a ficar sem a sua casa, o que leva a considerar que a autarquia «tem tido como alvo famílias em situação de vulnerabilidade que moram em habitações municipais e também famílias que moram em autoconstrução precária, fruto do inacessível mercado da habitação que tem
levado cada vez mais pessoas a esta situação».
O movimento diz ainda que a Câmara de Loures não tem apresentado alternativas a quem é despejado e que as equipas que têm realizado os despejos têm recorrido a «práticas de assédio moral e abuso de poder» para levar a cabo as orientações camarárias.
As acusações vão ainda mais longe. Para o Vida Justa, o presidente, Ricardo Leão, e a vereadora da habitação, Sónia Paixão, têm instrumentalizado as mil pessoas que estão em lista de espera para habitação municipal como «arma de arremesso para justificar estes despejos desumanos».
O Vida Justa entende que a grave crise habitacional em Portugal resolve-se com o «respeito pela legalidade», mas também com a «construção de casas públicas e políticas de empatia», e não com o «ataque aos mais pobres».
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