Numa acção inspectiva realizada em parceria entre a Câmara Municipal do Seixal (CMS; de maioria CDU) e a PSP, na passada sexta-feira, foi identificada uma nova base missionária no concelho a albergar pessoas imigrantes. Na sequência da visita a imóveis sitos na Praceta Teresa Gomes, Torre da Marinha, a autarquia vai instaurar um «processo contraordenacional» contra a igreja evangélica responsável.
A acção da Câmara «visa sobretudo salvaguardar a segurança de todos, impondo a reposição da legalidade dos espaços o mais breve possível», explicou o vice-presidente da CMS, Joaquim Tavares, em nota enviada à imprensa. Já estão agendadas novas inspecções a outras bases evangélicas no Seixal.
Esta foi apenas «a primeira acção inspectiva conjunta a imóveis referenciados como estando a ser utilizados como habitação, quando se encontram licenciados para comércio, serviços ou actividades industriais, após dedução da acusação a pessoas ligadas a uma igreja evangélica».
O caso remonta a Junho de 2025. Zaqueu Pereira fundou, com a sua mulher, a Igreja Evangélica de Mangualde em Amora há mais de 20 anos. O pastor da Bancada Evangélica Portuguesa e activo participante nas últimas campanhas eleitorais do partido de extrema-direita ADN, cobrava muito dinheiro «a cidadãos estrangeiros pela obtenção e disponibilização dos documentos necessários à emissão do visto de entrada em Portugal e à legalização junto do extinto SEF», documentos fabricados por Zaqueu e a tesoureira da igreja evangélica, a sua mulher. Os crimes pelos quais foram indiciados pelo Ministério Público são os de auxílio à imigração ilegal e falsificação de documentos.
A atenção mediática focou-se, no entanto, na descoberta de que Zaqueu Pereira e a sua operação evangélica se escudavam na liberdade religiosa para explorar a fragilidade de muitas centenas de imigrantes, alugando quartos improvisados, sobrelotados e sem condições numa garagem no Seixal. Por estes espaços sem condições de dignidade, o pastor de extrema-direita cobrava até 400 euros pelo alojamento a homens, mulheres e crianças. Zaque alega que o fazia para «ajudar» estas pessoas, ao passo que recebia muitos milhares de euros por mês em troca.
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