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Câmara do Seixal identifica novo caso de exploração em «base missionária»

Em Junho, foi identificada uma igreja evangélica (ligada à extrema-direita) que explorava dezenas de imigrantes, cobrando centenas de euros por colchões numa garagem. Acção inspectiva do Seixal descobriu novo caso.

Paulo Silva (CDU), presidente da Câmara Municipal do Seixal 
CréditosPaulo Silva

Numa acção inspectiva realizada em parceria entre a Câmara Municipal do Seixal (CMS; de maioria CDU) e a PSP, na passada sexta-feira, foi identificada uma nova base missionária no concelho a albergar pessoas imigrantes. Na sequência da visita a imóveis sitos na Praceta Teresa Gomes, Torre da Marinha, a autarquia vai instaurar um «processo contraordenacional» contra a igreja evangélica responsável.

A acção da Câmara «visa sobretudo salvaguardar a segurança de todos, impondo a reposição da legalidade dos espaços o mais breve possível», explicou o vice-presidente da CMS, Joaquim Tavares, em nota enviada à imprensa. Já estão agendadas novas inspecções a outras bases evangélicas no Seixal.

Esta foi apenas «a primeira acção inspectiva conjunta a imóveis referenciados como estando a ser utilizados como habitação, quando se encontram licenciados para comércio, serviços ou actividades industriais, após dedução da acusação a pessoas ligadas a uma igreja evangélica».

O caso remonta a Junho de 2025. Zaqueu Pereira fundou, com a sua mulher, a Igreja Evangélica de Mangualde em Amora há mais de 20 anos. O pastor da Bancada Evangélica Portuguesa e activo participante nas últimas campanhas eleitorais do partido de extrema-direita ADN, cobrava muito dinheiro «a cidadãos estrangeiros pela obtenção e disponibilização dos documentos necessários à emissão do visto de entrada em Portugal e à legalização junto do extinto SEF», documentos fabricados por Zaqueu e a tesoureira da igreja evangélica, a sua mulher. Os crimes pelos quais foram indiciados pelo Ministério Público são os de auxílio à imigração ilegal e falsificação de documentos.

A atenção mediática focou-se, no entanto, na descoberta de que Zaqueu Pereira e a sua operação evangélica se escudavam na liberdade religiosa para explorar a fragilidade de muitas centenas de imigrantes, alugando quartos improvisados, sobrelotados e sem condições numa garagem no Seixal. Por estes espaços sem condições de dignidade, o pastor de extrema-direita cobrava até 400 euros pelo alojamento a homens, mulheres e crianças. Zaque alega que o fazia para «ajudar» estas pessoas, ao passo que recebia muitos milhares de euros por mês em troca.

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