Roberto Jucumari, representante dos familiares e vítimas do massacre de Huayllani, em Sacaba (Cochabamba), disse esta sexta-feira à imprensa que não descansarão até verem feita justiça às vítimas que perderam a vida, aos feridos ou perseguidos, na sequência do golpe de Estado e da ruptura da ordem constitucional que se verificou na Bolívia em Novembro de 2019.
«Até encontrar a verdadeira justiça, não nos vamos calar. Preocupa-nos [que] Fernando Camacho, Carlos Mesa estejam livres, a andar nas ruas», referiu Jucumari em alusão a dois conhecidos dirigentes da direita boliviana – sendo o primeiro actual governador do departamento de Santa Cruz e o segundo ex-presidente e ex-candidato à presidência do país.
Jucumari lamentou o atraso que existe no processo de investigação e, neste sentido, anunciou que os familiares das vítimas vão realizar uma marcha até à cidade de Sucre (departamento de Chuquisaca), por estar ali localizada a sede do Supremo Tribunal de Justiça.
Com a marcha, pretendem exigir justiça pelas mortes e que os principais responsáveis e envolvidos no massacre, durante o governo golpista de Jeanine Áñez, sejam processados, indica a Agencia Boliviana de Información (ABI).
«Vamos lutar até encontrar justiça […]. Não descartamos uma marcha até Sucre», disse.
Para os familiares, o processo de investigação está a avançar mas de forma lenta. Enquanto a dor dos familiares das vítimas está latente, muitos dos principais responsáveis ainda não prestaram contas à justiça, defendem.
O massacre de Huayllani, em Sacaba, foi perpetrado a 15 de Novembro de 2019, por forças policiais e militares. Pelo menos 11 civis, todos indígenas, perderam a vida e mais 120 ficaram feridos nesta localidade do departamento de Cochabamba.
Evo Morales gozava ali de grande apoio e a oposição ao golpe era forte – tal como em Senkata, em Alto, onde foi cometido outro massacre, a 19 de Novembro do mesmo ano.
O Grupo Interdisciplinar de Especialistas Independentes (GIEI-Bolívia) concluiu que em Sacaba houve um «massacre» e «execuções sumárias». Ao todo, em Sacaba e Senkata, foram mortas 37 pessoas.
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