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|Bolívia

Investigação mostra cumplicidade da comunicação social com golpe na Bolívia

O estudo dos jornalistas bolivianos Susana Bejarano e Fernando Molina evidencia a cumplicidade de influentes meios de comunicação do país com o golpe de Estado de Novembro de 2019, refere a Prensa Latina.

Familiares de vítimas do massacre de Senkata, em El Alto, perpetrado a 19 de Novembro de 2019
Familiares de vítimas do massacre de Senkata, em El Alto, perpetrado a 19 de Novembro de 2019 Créditos / ccb.com.bo

A investigação, ainda não publicada e a que a agência cubana teve acesso, analisa o apoio declarado de vários órgãos de comunicação, com uma linha marcadamente de direita, ao golpe e ao governo golpista que se lhe seguiu.

Os dois jornalistas mostram que determinados diários assumiram uma linha de activismo político a favor das acções violentas levadas a cabo pela direita boliviana, apoiada por militares e polícias, para tirar do poder o presidente Evo Morales e o Movimento para o Socialismo (MAS).

Na sequência da renúncia de Morales, instalou-se no país andino-amazónico um governo ilegítimo liderado pela autoproclamada Jeanine Áñez, que essa imprensa apoiou fervorosamente desde o início, com o propósito de o legitimar e de neutralizar qualquer crítica ao modo como foi constituído.

Bejerano e Molina referem a campanha sistemática que um desses diários em particular empreendeu para eliminar as ligações de Áñez ao golpe de Estado, bem como as tentativas repetidas de criminalizar a oposição, sobretudo o MAS, e de apresentar a acção do novo governo como pacificadora, num país que a direita tinha mergulhado no caos e na violência.

Justificação da repressão

O apoio mediático ao governo golpista chegou ao ponto de justificar sistematicamente a repressão e a perseguição política, apontam os investigadores, que dão como exemplo a cobertura dos massacres de Senkata e Sacaba, nos quais, de acordo com as conclusões preliminares de uma comissão parlamentar, foram mortas pelo menos 37 pessoas que exigiam democracia e o regresso de Evo Morales, que se exilou no México e depois na Argentina.

De acordo com o estudo – a que a Prensa Latina teve acesso –, em ambos os casos o discurso da comunicação social vitimizou as forças de segurança, procurando fazer crer que, ao dispararem, estavam a responder ao fogo dos manifestantes.

«Não faleceram polícias nem militares em Sacaba», esclarecem os autores do estudo, referindo que um jornal, num artigo intitulado «Fuego cruzado entre cocaleros y FF.AA. deja al menos seis muertos», afirmou sem provas que os manifestantes tinham «armas de fogo e outros objectos letais».

No que respeita a Senkata, em El Alto, os órgãos de comunicação deram conta, igualmente sem provas, da utilização de dinamite por parte dos grevistas, para assim justificarem o uso da força contra um acto de terrorismo e um atentado.

Outro exemplo do apoio da comunicação social dominante ao governo golpista foi a cobertura quase nula dos grandes protestos anti-governamentais que foram ocorrendo ao longo do ano. Os principais canais de TV, que deram ampla cobertura aos protestos contra a alegada fraude do MAS nas eleições de 2019 (uma versão, hoje, mais que desmontada), deram curtas informações sobre as manifestações anti-Áñez, refere a agência cubana com base na investigação.

Em muitos casos, referem Susana Bejarano e Fernando Molina, descreveram os protagonistas das manifestações como membros de «hordas» e «turbas», visando minimizar o impacto das mobilizações e apontá-los como «inimigos da ordem e da constitucionalidade».

A Prensa Latina não indica se o estudo se detém na «secção internacional» da cobertura mediática, que mereceria extensas e aprofundadas abordagens.

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