Numa entrevista concedida este domingo ao programa «Las 7 en el 7», da Bolivia TV, Gabriela Alcón disse que os golpistas violaram «um direito humano da nossa população boliviana que é o direito à informação», consagrado na Constituição Política do Estado, e sublinhou as ameaças a que foram sujeitos os jornalistas que trabalhavam em meios de comunicação públicos.
Os danos económicos causados por ataques violentos a meios de comunicação públicos e pela suspensão, decretada pelo governo golpista, das suas transmissões entre Novembro de 2019 e Outubro de 2020 ultrapassaram os 8,9 milhões de bolivianos (mais de 1,1 milhões de euros), revelou a funcionária governamental, destacando que não se assistia a um silenciamento deste tipo no país desde os tempos das ditaduras.
Além disso – lamentou a vice-ministra –, os golpistas reduziram a cobertura dos meios de comunicação, que durante muitos anos havia sido trabalhada para permitir que as populações mais distantes vissem garantido o seu direito à informação, refere a Agencia Boliviana de Información (ABI).
Entre os exemplos referidos por Alcón, conta-se a Bolivia TV, que, por acção do governo liderado por Áñez, viu metade das suas antenas de transmissão deixarem de funcionar. «As 276 antenas permitiam chegar a quase toda a população, mas, quando assumimos o controlo dos meios do Estado, quando chegámos ao governo depois de ser eleitos pelo voto do povo boliviano, quase 50% não estavam a funcionar», denunciou.
No que respeita à rede Patria Nueva, que antes do golpe de Estado cobria 80% do território nacional, durante o governo golpista viu essa cobertura reduzida para 15%.
Também as Radios de los Pueblos Originarios (RPO), que levam informação até às regiões mais remotas do país sul-americano, foram bastante afectadas: 71 das 89 emissoras ficaram sem sinal durante a governação dos golpistas.
Entretanto, prossegue o processo de reactivação das antenas dos meios de comunicação estatais, disse a funcionária governamental, que destacou os danos causados às populações, também ao nível da Educação, pelo governo de Jeanine Áñez.
Sublinhou igualmente que, perante este cenário e irregularidades contratuais detectadas, o actual governo da Bolívia vai interpor uma queixa no Ministério Público, «para que se siga o processo correspondente».