Num comunicado divulgado em turco no dia 1 (e no dia seguinte em inglês, castelhano, russo e árabe), o TKP afirma que a saída da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) é «essencial para garantir a segurança do nosso povo e o pleno exercício da soberania do nosso país», alegando que a Turquia está sempre em risco de ser arrastada, de forma descontrolada, para todo o tipo de guerras e conflitos.
O TKP sublinha a natureza «expansionista» da NATO, cuja «primeira prioridade é proteger os interesses do capital internacional», e que em linha «com os interesses do imperialismo», desde a sua fundação, promoveu a guerra e a ingerência nos assuntos internos de países, golpes de Estado, assassinatos e sabotagens.
Lembrando a ocupação norte-americana da Coreia, o desmembramento da Jugoslávia e a destruição da Síria, os comunistas sublinham que os interesses que a NATO defende não têm nada a ver com os do povo turco e que, pelo facto de ser um país-membro da aliança atlântica, a Turquia participou de forma directa ou indirecta em crimes cometidos pelo mundo fora.
«O mundo é palco de cada vez mais conflitos alimentados pelo expansionismo da NATO», afirma o texto, que alerta para o facto de «a Turquia estar a ser arrastada para um círculo de fogo» e de a NATO representar «a maior ameaça» à segurança nacional.
Manifestação e campanhas em curso contra a NATO
Antes da divulgação do comunicado, o TKP, em conjunto com outras organizações de esquerda, pôs em marcha uma campanha a favor da saída da Turquia da NATO, no âmbito da qual teve lugar, no passado dia 29 de Junho, uma manifestação em Istambul.
Esta quinta-feira, o partido lançou também uma campanha nas redes sociais, com um vídeo a explicar a ameaça que a NATO representa para o mundo, há décadas.
Além disso, tem em curso uma campanha de recolha de assinaturas com vista a divulgar a oposição à realização da próxima cimeira da NATO na Turquia, em 2026, procurando impedir que tenha lugar em território nacional.
Instrumento do imperialismo com vasta presença em território turco
Os comunistas turcos destacam a existência de cerca de 30 bases estrangeiras em solo nacional, que comprometem a soberania do país e o tornam vulnerável.
«Estas bases incluem sistemas de radar, depósitos de armas, centros logísticos e estações de vigilância», que estão sob controlo dos EUA e da NATO, afirma o documento, que se refere igualmente à presença de cerca de 2000 militares norte-americanos em bases como İncirlik (Adana), Kürecik (Malatya) e Çiğli (Esmirna).
O TKP denuncia que a base aérea de İncirlik foi utilizada de forma activa para levar a cabo ataques aéreos em «guerras de que a Turquia não fazia parte», como os bombardeamentos dos EUA no Iraque, Afeganistão e Síria.
Durante a Guerra Fria, esta base serviu para realizar voos de reconhecimento contra a União Soviética «sem o consentimento ou o conhecimento» do governo turco, afirma o TKP, que alerta também para as consequências da presença de armas nucleares em bases da NATO em território turco e denuncia o papel fundamental assumido pelo radar da base de Kürecik (Malatya) nas intervenções militares norte-americanas na região.
«Durante os conflitos que envolveram o Irão e Israel, Kürecik operou como parte do sistema de alerta antecipado de Israel», declara o partido comunista, que se refere igualmente ao apoio dado a Israel na base de Konya ou ao modo como a base de Çiğli, em Esmirna, tem servido como ponto de apoio logístico às operações norte-americanas na região.
«Como se pode ver, dezenas de bases militares localizadas no nosso território estão ao serviço do imperialismo por via de tratados com a NATO e acordos bilaterais», afirma o partido, que exige a retirada da Turquia desses «acordos ilegítimos» e o «fim imediato de toda presença militar estrangeira no nosso território».
Contribui para uma boa ideia
Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.
O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.
Contribui aqui