A realização da chamada conferência de doadores de Bruxelas para ajudar as vítimas do terremoto de 6 de Fevereiro último foi condenada por Damasco, uma vez que os organizadores não promoveram a coordenação com o governo sírio, nem o convidaram a fazer-se representar.
Num comunicado divulgado pela agência Sana, o Ministério sírio dos Negócios Estrangeiros denuncia essa falta de coordenação propositada com as autoridades de um «país onde o desastre ocorreu» e acusa os responsáveis pelo evento de, «inclusive, terem posto de lado a possibilidade da participação dos representantes mais destacados das organizações não governamentais [ONG] sírias».
O ministério sublinhou que a «politização do trabalho humanitário e de desenvolvimento» por parte dos organizadores do evento fica também evidente na «manutenção das sanções ilegítimas, desumanas e imorais impostas ao povo sírio».
No texto, as autoridades sírias lembram ainda que as forças militares norte-americanas ilegalmente presentes no país continuam a saquear milhares de barris de petróleo sírio, «sem ter em conta a necessidade urgente dos afectados de recursos energéticos que lhes permitam pôr a funcionar os centros de acolhimento, as ambulâncias, os serviços de saúde e transporte».
«O mínimo que é exigido para melhorar as condições humanitárias e de vida dos afectados pela catástrofe do terremoto é uma vontade política sincera e o fim imediato e incondicional das políticas de punição colectiva impostas aos sírios», afirma a declaração.
Segundo dados recentes divulgados pela Comissão Superior de Socorro, foram registadas no país mais de 91 mil famílias e 414 mil pessoas sem casa devido ao terremoto.
Síria disposta a colaborar com todos os que quiserem ajudar «sinceramente»
Também o representante permanente da Síria junto da ONU em Genebra, Haider Ali Ahmed, destacou, esta terça-feira, a urgência do levantamento imediato das medidas coercivas unilaterais, «que violam os direitos básicos» do povo sírio.
Rejeitando relatórios e aproximações «enviesados» e «fabricados», o diplomata afirmou, na 52.ª sessão do Conselho dos Direitos Humanos, que o seu país está disposto a cooperar «com quem tem intenções sinceras para atenuar a dor do povo sírio», vítima dos «crimes da guerra terrorista e do terrorismo económico».