Em todo o território iemenita, mais de 22 milhões de pessoas necessitam de ajuda alimentar e 8,4 milhões são severamente afectadas pela fome, segundo dados divulgados pelo Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (UNOCHA, na sigla em inglês).
«Se as actuais condições não se alterarem, mais dez milhões de pessoas podem entrar nesta categoria até ao fim do ano», disse esta sexta-feira, em Genebra, o coordenador de Ajuda de Emergência das Nações Unidas, Mark Lowcock.
O funcionário das Nações Unidas mostrou-se «particularmente preocupado com a diminuição recente das importações comerciais de comida através dos portos do Mar Vermelho», que se situam «em médias bem inferiores às do tempo anterior ao bloqueio».
Recorde-se que a coligação liderada pela Arábia Saudita impôs um bloqueio ao Iémen por ar, mar e terra, alegando querer impedir a importação de armas pelo movimento Ansarullah. Sob pressão internacional, o bloqueio foi levantado, mas as inspecções aos navios «são agora mais apertadas».
Este controlo apertado dos sauditas, com os atrasos consequentes, leva a que a confiança das companhias comerciais de navegação se dilua, informa a Prensa Latina.
Para além disso, as organizações preparadas para prestar auxílio à população iemenita enfrentam cada vez maiores restrições. «Os funcionários estão a ser detidos e intimidados, e os vistos demoram e são recusados», disse Lowcock, que denunciou o nível de «interferência nos programas e nas missões» humanitárias.
O coordenador das Nações Unidas instou a coligação liderada pelos sauditas a acelerar todo o processo e a levantar as restrições, para evitar o alastramento da fome e das doenças, como o surto de cólera, que o ano passado infectou mais de um milhão de pessoas.
Pediu ainda a todas as partes envolvidas na guerra a encontrar uma solução pacífica e «a fazer muito mais para minorar o sofrimento da população do Iémen».
Desde Março de 2015
A Arábia Saudita lidera uma campanha militar contra o seu vizinho do sul na Península Arábica há mais de três anos, sem ter atingido as metas que declarou querer alcançar: esmagar a resistência do movimento popular Ansarullah e recolocar no poder o antigo presidente Abd Rabbuh Mansur Hadi, aliado de Riade.
A campanha militar já provocou mais de 10 mil mortos, destruiu uma parte significativa das infra-estruturas do Iémen e está na origem de uma situação humanitária que as Nações Unidas classificam como «catastrófica».
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