A guerra arrasta-se no mais pobre dos países árabes, onde os bombardeamentos sauditas, a fome galopante e a cólera tiraram a vida a milhares de pessoas, e, neste contexto, Jamie McGoldrick, coordenador humanitário das Nações Unidas para o Iémen, sublinhou a necessidade de reforçar os fundos para poder chegar a todos os civis atingidos.
Num comunicado emitido este domingo, McGoldrick destacou que «três quartos da população – cerca de 22 milhões de pessoas – necessitam de ajuda humanitária», sendo que 13 milhões precisam de ajuda com urgência.
Trata-se do maior pedido de ajuda humanitária feito para o Iémen. Jamie McGoldrick afirma que, não sendo «a solução para os problemas dos iemenitas, é a única salvação para milhões deles».
A iniciativa, designada como Plano de Resposta para o Iémen 2018, «centra-se nas pessoas com necessidades graves ou em risco de cair nelas», como os deslocados internos e aqueles que regressam às suas comunidades, implementando «programas humanitários integrados em zonas onde convergem os riscos de fome, focos infecciosos e deslocamentos forçados», explicou.
De acordo com o Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários, a que McGoldrick pertence, as crianças são particularmente afectadas pela guerra de agressão no Iémen, sendo que «uma geração inteira está a crescer em sofrimento e privação».
«Quase dois milhões de crianças não andam na escola, 1,8 milhões de crianças com menos de cinco anos sofrem de má-nutrição – incluindo 400 000 que sofrem de má-nutrição aguda grave e têm dez vezes mais probabilidades de morrer caso não recebam tratamento médico», lê-se no comunicado.
Guerra de agressão desde Março de 2015
O Iémen é alvo de uma campanha militar, liderada pelos sauditas, desde Março de 2015, com o objectivo, declarado, de esmagar a resistência do movimento Ansarullah e recolocar no poder Abd Rabbuh Mansur Hadi, um aliado próximo de Riade.
A ofensiva – que conta com o apoio declarado dos EUA e do Reino Unido – já provocou mais de 13 mil mortos e destruiu grande parte das infra-estruturas do país, incluindo escolas, hospitais, rede de saneamento, fábricas e estradas.
Em meados de Agosto, representantes das Nações Unidas caracterizaram a situação no Iémen como uma «tripla tragédia», referindo-se à fome, ao arrastar da guerra e à epidemia de cólera – que já infectou mais de um milhão pessoas e matou mais de 2150, desde Abril do ano passado.
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