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|Colômbia

Gustavo Petro deixa aviso às elites: aqui ninguém dá um passo atrás

«Ministros, de agora em diante, devem realizar assembleias populares em todos os municípios, discutindo e governando, obedecendo ao mandato popular», anunciou o presidente. Mobilização trouxe milhares para as ruas da Colômbia.

Gustavo Petro, ao lado da vice-presidente Francia Marquez (à direita) e do ministro da Saúde, Guillermo Alfonso Jaramillo (à esquerda de Petro), dirige-se à multidão que se reuniu no centro de Bogotá, Colômbia, em defesa das reformas sociais propostas pelo seu Governo. 7 de Junho de 2023 
Gustavo Petro, ao lado da vice-presidente Francia Marquez (à direita) e do ministro da Saúde, Guillermo Alfonso Jaramillo (à esquerda de Petro), dirige-se à multidão que se reuniu no centro de Bogotá, Colômbia, em defesa das reformas sociais propostas pelo seu Governo. 7 de Junho de 2023 CréditosMauricio Duenas Castaneda / EPA

As elites económicas e políticas da Colômbia foram avisadas: «não se atrevam a romper com a democracia porque encontrarão um gigante: o povo nas ruas». Centenas de milhares de colombianos, em mais de 200 cidades e vilas do país, ocuparam as ruas e as avenidas em resposta à convocatória do Governo de Gustavo Petro, em defesa das reformas promovidas no seu mandato.

«Que o Congresso saiba que as reformas apresentadas não são um capricho de um Presidente (não são más, como dizem os donos do grande capital)  são os desejos, o desejo de viver, de todo o povo da Colômbia», defendeu Petro, dirigindo-se a multidão de dezenas de milhares de pessoas que se congregaram, a 7 de Junho de 2023, na cidade capital, Bogotá.

«A paz é o maior desejo da sociedade colombiana», e o primeiro requisito para a alcançar é a justiça social, afirmou. O boicote de alguns partidos de centro-direita, que apoiaram a candidatura do actual presidente, provocou o congelamento de várias reformas no congresso, pontos-chave da campanha eleitoral que elegeu Gustavo Petro.

Exemplo maior é o projecto de reforma da Saúde, com 152 artigos, que altera radicalmente as actuais circunstâncias do acesso à saúde no país. Recentrando a saúde enquanto direito humano, que não deve ser nem privilégio nem negócio, o projecto visa a criação de um sistema que abranja toda a população da Colômbia, incluindo aqueles que vivem em meios rurais, dando condições aos Centros de Atenção Primários do sistema de saúde para se deslocarem às habitações de pessoas a viver em zonas isoladas.

«Aquilo que queremos é que um médico possa ir a casa de uma família de camponeses, por mais distante que esteja», afirmou, na cerimónia de apresentação da proposta, em Fevereiro. A reforma inclui ainda o tabelamento de preços para actos médicos (aplicada, também, aos hospitais privados) e aumentos salariais para os trabalhadores da área da saúde.

O tempo é de avançar. Governo da Colômbia anuncia novas reformas para a educação, serviços públicos e pensões

O bloqueio político que está a ser feito às políticas progressistas do Governo não estão, contudo, a conseguir suster o ímpeto reivindicativo da população. «Eles pensavam que estavam [o Povo] a dormir, mas agora vão sentir a força das pessoas, com mais decisão, com muito mais decisão».

No que toca às reformas anunciadas, durante as manifestações, por Gustavo Petro, a população da Colômbia parece já ter tomado a sua decisão. Quando o presidente anunciou os objectivos do próximo semestre (serviços públicos e educação) a multidão estrondeou: «o foco do serviço público não deve ser o empresário, que ganha dinheiro a torto e a direito, mas o utilizador do serviço público na Colômbia!».

«Vamos à reforma da Lei 30 sobre o Ensino Superior, a reforma da Lei 30 sobre o ensino superior para que os jovens colombianos possam ter acesso ao direito à educação, porque a educação também significa poder viver com dignidade». O Governo quer garantir a gratuitidade do ensino superior, a criação de novas universidades e desenvolver programas para integrar milhões de crianças (até aos seis anos) que, hoje em dia, vivem em condições de muita vulnerabilidade.

A aprovação destas medidas (as novas e as já apresentadas) no congresso, ultrapassando o bloqueio golpista, é um «pedido popular que nasce das entranhas do território excluído, do povo excluído, da base da nação colombiana». «Aprovem o que o povo da Colômbia aprovou nas urnas», pediu Petro, que admitiu fazer alterações aos projectos, desde que nenhuma ponha em causa a garantia dos «direitos de toda a gente».

Mais de 400 figuras internacionais assinam carta a denunciar o «golpe suave» que elite colombiana atenta contra o Governo

Adolfo Pérez Esquivel, Nobel da paz mexicano, Rafael Correa, antigo presidente equatoriano, Jeremy Corbyn, ex-líder dos trabalhistas ingleses, Ada Colau, prefeita de Barcelona, e o intelectual norte-americano Noam Chomsky são algumas das centenas de personalidades que denunciaram publicamente as intenções nefastas da direita na Colômbia.

«Os poderes tradicionais da Colômbia estão a organizar-se para restaurar uma ordem marcada por desigualdades extremas, destruição ambiental e violência patrocinada pelo Estado», afirmam os signatários.

No seu discurso, Gustavo Petro não deixou de assinalar as semelhanças do que se está a passar na Colômbia com o processo de golpe contra o Presidente eleito do Perú, Pedro Castillo. Mas o que parece, não é: «se eles se atreverem a violar o mandato popular, o povo da Colômbia sairá de cada esquina, debaixo de cada pedra, em cada rua, em cada pavimento, em cada município para defender o triunfo e o mandato popular com as suas mãos limpas, felizes e não violentas». O Governo colombiano não está sozinho.

Petro assumiu um último compromisso: «este Governo está ao vosso [Povo] serviço até à hora da sua morte». «Chegou o momento de lutar» e uma coisa é certa, «o Povo não se rende».

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