A medida decretada este domingo, no contexto da crise social e política que se vive no Peru desde 7 de Dezembro do ano passado, estará em vigor por um período de 60 dias nas regiões de Apurímac, Arequipa, Puno, Cusco, Tacna, Moquegua e Madre de Dios.
O estado de emergência, que já estava vigente desde Janeiro em Lima, Arequipa, Puno e Cusco e nalgumas províncias de Madre de Dios, Apurímac, Moquegua e Tacna, implica a suspensão de garantias constitucionais, permitindo que a Polícia efectue detenções e proceda a revistas como bem entender.
De acordo com o decreto publicado no diário oficial El Peruano, ficam restringidos ou suspensos os direitos relativos à inviolabilidade do domicílio, liberdade de circulação pelo território nacional, liberdade de reunião e liberdade e segurança pessoais.
A maior parte das zonas abrangidas localiza-se na região sul-andina do país. Para Puno, que é considerado o principal bastião da resistência ao golpe de Estado, foram enviadas tropas e viaturas blindadas.
É na região sul-andina que ocorreu a maior parte das mortes de civis desde o início dos protestos que se seguiram à destituição do presidente eleito Pedro Castillo e nos quais se exige a demissão da «usurpadora» Dina Boluarte, o encerramento do Congresso, a criação de uma Assembleia Constituinte e uma nova Constituição para o país.
De acordo com o decreto, cabe à Polícia Nacional do Peru manter «a ordem interna, com o apoio das Forças Armadas», mas não em Puno, «onde o controlo da ordem interna se encontra a cargo das Forças Armadas», segundo se lê em El Peruano.
Nesta região, foi ainda decretado o recolher obrigatório entre as 20h e as 4h, durantes dez dias.
Grande manifestação em Lima, fortemente reprimida
O decreto segue-se à jornada nacional de protestos de sábado, que teve a capital como epicentro e que está a ser classificada pela imprensa (alguma) como a maior desde o início de Dezembro.
Milhares de manifestantes, organizados em associações e colectividades dos bairros pobres de Lima Sul, Lima Este e Lima Norte uniram-se aos grupos que viajaram do interior do país.
De um momento para o outro, a Polícia carregou, recorrendo a bombas de gás lacrimogéneo e cassetetes, refere a Prensa Latina. Pelo menos 26 pessoas foram detidas e 24 ficaram feridas.
No resto do país, houve registo oficial de mobilizações, paralisações e bloqueios rodoviários em 24 províncias, indica a TeleSur, que dá ainda conta de várias agressões a jornalistas em Lima – condenadas pela Provedoria de Justiça e a Associação Nacional de Jornalistas.