Por todo o Peru, esta quarta-feira, foram reafirmadas as exigências da demissão de Boluarte, de encerramento do Congresso, de convocação de eleições gerais, de saída das tropas norte-americanas do país e de castigo para os responsáveis pelas mortes dos manifestantes nas mobilizações anti-governamentais entre Dezembro do ano passado e Março deste ano.
Jorge Pizarro, porta-voz da Coordenadora Nacional Unitária de Luta, destacou o carácter pacífico das mobilizações, o seu alcance a nível nacional e a enorme participação registada na capital, Lima, apesar de toda a campanha governamental e mediática desenvolvida com o intuito de criminalizar o protesto e desmobilizar os cidadãos.
Alguma imprensa do país sul-americano sublinhou precisamente a grande manifestação ocorrida em Lima, esta quarta-feira, «muito maior que o esperado», o que se ficará a dever à adesão de novos sectores.
Dos bairros populares do Sul, do Norte e do Leste vieram até ao centro da cidade milhares de pessoas, que, segundo refere a Prensa Latina, «não perderam a calma», uma vez a Polícia as tentava encarreirar por determinados caminhos.
Durante a marcha na capital, os presentes realizaram uma paragem frente ao Júri Nacional de Eleições, para homenagear o presidente da instituição, Jorge Salas, tendo em conta as tentativas da extrema-direita parlamentar de o destituir por não ter cedido às suas pressões de anular as eleições de 2021, que Pedro Castillo venceu.
No local, o secretário-geral da Confederação Geral dos Trabalhadores do Peru (CGTP), Gerónimo López, e o dirigente do Sindicato de Professores de Puno, Lucio Calla, destacaram as virtudes democráticas do magistrado.
Na capital, a marcha decorreu de forma pacífica até uma barreira policial impedir a passagem dos manifestantes em direcção ao Congresso. Então, verificaram-se alguns distúrbios, com pedradas do lado de alguns manifestantes e bombas de gás lacrimogéneo do lado da Polícia. Pelo menos uma repórter ficou ferida, por disparo de chumbos.
A nível nacional, registaram-se pelo menos mobilizações, concentrações e cortes de estrada em 59 províncias do país, nas regiões costeiras de Piura, Lambayeque, La Libertad, Áncash, Ica, Arequipa, Moquegua e Tacna; nas andinas de Puno, Cusco, Apurímac, Ayacucho, Junín, Pasco e Cajamarca; e nas amazónicas de Loreto, Ucayali, Amazonas e San Martín, revelou a Defensoria do Povo.
Os protestos convocados pela Coordenadora Nacional de Luta, que integra um vasto leque de organizações, continuam hoje e prevê-se que durem até 28 de Julho, dia em se comemora a independência nacional.
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