Em declarações à Prensa Latina, a dirigente da ANP referiu-se aos casos de repórteres, sobretudo os que documentavam ataques a manifestantes, que em vários casos foram atingidos por chumbos e espancados.
Nos protestos realizados entre 19 e 29 de Julho, sublinhou, repetiram-se os ataques a jornalistas que se haviam verificado entre Dezembro de 2022 e Março de 2023.
Láinez considerou grave que nenhum dos casos tenha sido investigado e que as autoridades não tenham feito nada para impedir que se repetissem, pelo que antevê que se mantenham impunes.
Teceu críticas à solução proposta pela Polícia durante a vaga anterior de protestos, de acordo com a qual os repórteres se deviam manter num ponto atrás da linha dos agentes, sendo advertidos de que, se saíssem desse espaço, não assumiriam as responsabilidades pelo que lhes pudesse acontecer.
«Esse protocolo era a pior solução, porque impedia a liberdade de movimento dos jornalistas, em vez de decretar aos polícias que se abstivessem de os agredir», afirmou.
Por seu lado, o jornalista Jaime Herrera disse que a hostilidade contra a imprensa se manifestou em particular contra quem tentava recolher imagens de abusos policiais.
Referiu-se ao caso do fotojornalista Juan Zapata, do portal de notícias Wayka, que, no dia 19 de Julho foi espancado de forma bárbara na cabeça por um agente e, dez dias depois, foi atingido por uma saraivada de chumbos numa perna – tal como ocorreu a outros três jornalistas.
Herrera disse ainda ter sido testemunha do que a Polícia fez à fotojornalista Alejandra Elías, da TeleSur, «a quem a Polícia atirou ao chão para depois lhe passar por cima, pisando-a».
Também se referiu ao caso do documentarista e professor universitário Kenty Aguirre, que foi submetido a maus-tratos e acusado do crime de distúrbios (danos a pessoas ou bens públicos ou privados), dos quais, afirma o seu advogado, não existe prova alguma.
Pelo menos 12 jornalistas feridos pela Polícia peruana
Na forte repressão exercida sobre os protestos levados a cabo na sexta-feira e no sábado passado contra a presidente Dina Boluarte, a Polícia peruana feriu pelo menos 12 jornalistas, indica a TeleSur.
Trata-se, na maioria dos casos, de repórteres de meios de comunicação alternativos e que registavam a violência desproporcionada dos agentes sobre os manifestantes. Nos sete meses de governo de Boluarte, refere a fonte, a ANP registou mais de 200 agressões contra a imprensa.
Reportagem da Telesur.