Camisas escolares sem monogramas, sapatos sujos, cabelos longos ou com cortes «proibidos». Estes são algumas das características proibidas previstas no novo código de vestimenta para os alunos em idade escolar em El Salvador. Desrespeitar as normas, que já existiam, pode agora acarretar uma punição sob a nova administração do Ministério da Educação, do governo do Presidente Nayib Bukele.
A nova tutela da pasta, sob o comando da capitã do Exército Karla Trigueiro, permite que os administradores escolares cortem as notas dos alunos ou apliquem serviços comunitários a quem não cumprir as regras de vestimenta e de comportamento. Medida que exige dos directores a monitorização regular dos estudantes. «A omissão destas disposições por parte dos directores será considerada uma falta grave de responsabilidade administrativa», afirma a ministra.
As organizações de professores já se pronunciaram não só contra a nova directiva como também da própria nomeação de Trigueiros para o Ministério, por se tratar de uma militar. A Frente de Professores Salvadorenhos considera um «absurdo» que remete o país para as décadas de ditadura militar. «Preocupa-nos que aumentem os já exorbitantes abusos de poder» contra os alunos ou que «aumentem ainda mais as violações laborais contra os professores», afirma o sindicato.
Manuel Flores, secretário-geral da Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional (FMLN), repudia a nomeação, «Porquê uma militar? Por que não uma cientista, como foi prometido?», e afirma tratar-se de uma estratégia de doutrinação, já que «os militares não estão lá para educar», mas para defender a soberania.
Bukele, nas suas redes sociais, valoriza a iniciativa do ministério em publicações que relacionam os cortes de cabelo proibidos, como o «Edgar’s cut», com influências dos salvadorenhos deportados dos Estados Unidos. Recentemente, Bukele conseguiu fazer aprovar uma reforma constitucional que elimina os limites do mandato presidencial, abrindo caminho para a sua permanência no poder por tempo indefinido.
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