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Em Lima, milhares de pessoas mobilizaram-se, ontem, no contexto dos protestos organizados pela Coordenadora Nacional Unitária de Luta (CNUL), gritando palavras de ordem contra o executivo e o Congresso.

Os manifestantes, refere a TeleSur, juntaram-se em vários pontos da capital, como a Praça Dos de Mayo e a Bolognesi, seguindo depois em direcção ao Congresso.

Apesar do carácter pacífico da mobilização, a Polícia lançou gás lacrimogéneo contra grupos de manifestantes que entraram na Praça San Martín, que tinha sido encerrada por ordem do Município, mas sem que a autarquia tivesse autoridade para o fazer, segundo a Defensoria do Povo (Provedoria de Justiça).

Várias pessoas sofreram efeitos de asfixia e tiveram de receber assistência. A CNUL, que integra várias organizações sociais diversas, sindicais e partidos progressistas, referiu que a repressão provocou vários feridos e detidos, um dos quais um membro da Coordenadora, Franco Lucio, quando intercedia junto da Polícia por uma pessoa «ilegalmente detida por distribuir folhetos contra a presidente».

«Basta! É desnecessário, abusivo e ilegal que a Polícia Nacional lance bombas de gás lacrimogéneo e reprima uma mobilização que era totalmente pacífica; temos todo o direito a protestar nas ruas e praças», declarou Verónika Mendoza, ex-candidata presidencial pela coligação Juntos por el Perú, que participou na manifestação deste sábado.

A Coordenadora Nacional de Direitos Humanos também classificou como injustificada a repressão policial sobre os manifestantes na Praça San Martín que protestavam contra Boluarte.

Entre os visados pela acção policial contam-se mulheres aymaras – uma das quais ficou ferida –, pelo que o organismo de defesa dos direitos humanos voltou a denunciar a «violência racista» por parte dos agentes contra as mulheres indígenas que vieram da região sul-andina de Puno até Lima.

Segundo refere a Prensa Latina, também foi reportado o caso de uma esquadra que impediu a entrada de advogados para prestar assistência aos detidos, o que «representa abuso de autoridade» e «implica o risco de que os presos sejam torturados».

Nas mobilizações deste sábado, foram reafirmadas as exigências de demissão de Boluarte, de encerramento do Congresso, de convocação de eleições gerais, de saída das tropas norte-americanas do país e de castigo para os responsáveis pelas mortes dos manifestantes nas mobilizações anti-governamentais entre Dezembro do ano passado e Março deste ano.

Em declarações à TeleSur, alguns manifestantes afirmaram que os protestos vão continuar nos dias 26, 27 e 28 de Julho, tendo deixado claro que, com as mobilizações, estão a lutar pela democracia no país.

Para tal, consideram fundamental a criação de uma assembleia constituinte, da qual possa surgir uma Constituição que ajude a deixar para trás um Peru marcado pela desigualdade.