A Cimeira EUA-China, que teve lugar, durante dois dias, em Anchorage, Alasca, realizou-se num contexto internacional de grande complexidade e perante uma degradação das relações entre os dois países.
No primeiro encontro oficial entre as nações, desde a eleição de Joe Biden para a presidência norte-americana, presidiram ao encontro Yang Jiechi, director dos Assuntos Externos do Partido Comunista Chinês (PCC), Wang Yi, ministro das Relações Externas da China, Antony Blinken, secretário de estado norte-americano e Jake Sullivan, assessor de Segurança Nacional.
Foi possível, entre as partes, acordar a constituição de um grupo de trabalho sobre alterações climáticas, assim como foram analisados acordos para a vacinação de corpos diplomáticos e discutidas actividades de embaixadas e de meios de comunicação social.
Para além de uma agenda bilateral, os países discutiram questões como o Irão, Afeganistão, Miamnar e a península coreana e acordaram em estreitar a coordenação de organismos como o G20.
Não obstante estes avanços globalmente positivos, os dias que antecederam o encontro foram objecto de controvérsia, tendo em conta que tiveram lugar críticas públicas de ambos os lados, assim como foram reafirmadas posições opostas sobre diversas matérias, nomeadamente sobre questões económicas e comerciais ou relativamente à península coreana e a Taiwan.
Não obstante, Yang Jiechi afirmou, em declarações à imprensa, que este encontro foi benéfico para o seu país, porque permitiu reforçar princípios de não confrontação, respeito mútuo e cooperação, que podem ajudar a normalizar as relações com Washington. O que ocorre sem terem sido admitidas quaisquer concessões em matérias como soberania, integridade territorial, segurança e questões para o desenvolvimento.
Por seu turno, Wang Yi explicou ainda que o país acredita que os «problemas de longa data podem gerir-se através do diálogo, mas adverte os EUA a não subestimar a sua determinação [da China] a proteger a sua dignidade nacional».
Em consonância, foi emitido um comunicado oficial onde se reitera a «tolerância zero» em ingerências em assuntos internos, ameaças ao sistema político ou ofensas à liderança do PCC. Exige-se ainda que os EUA assumam o princípio de «uma só China» no que respeita a Taiwan ou Hong Kong, assim como se renova a reivindicação do levantamento de sanções e que não se instrumentalizem questões relativas a Xinjiang (Sinquião) e ao Tibete.
De facto, para a China, «os países necessitam de construir confiança (…), entender-se em vez de culparem-se, trabalhar juntos em vez de se atacarem, para então focarem-se nas agendas domésticas e alcançar as suas metas de desenvolvimento».
Pelos EUA, diversos órgãos de comunicação revelam que a administração de Joe Biden pretende cooperar futuramente com a China em áreas variadas, como as alterações climáticas, a não-proliferação nuclear, para contrariar a drástica degradação de relações entre os países durante a presidência de Donald Trump. Terá sido esse o sentido da conversa telefónica entre o presidente chinês, Xi Jinping, e o presidente dos EUA, Joe Biden, a 11 de Fevereiro.
Todavia é ostensiva a intenção de estreitar laços com «países aliados» para fazer frente aos interesses China, como revelam os encontros com representantes do Japão e da Coreia do sul que precederam a cimeira EUA-China.
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