Um manifestante morreu, esta segunda-feira, durante uma operação militar para acabar com um corte de estrada na Via Panamericana, em Chala, 619 quilómetros a sul de Lima, elevando para 26 o número de vítimas mortais confirmadas nos protestos recentes contra o golpe.
A Procuradoria da província de Caravelí, na região de Arequipa, confirmou o caso e o Centro de Saúde de Chala referiu que um homem adulto não identificado chegou ao local já morto, vítima de disparos de arma de fogo (vídeo).
O corte de estrada, que dura desde dia 10 de Dezembro, tem sido realizado por mineiros da região, que já garantiram que vão manter o protesto, com o qual exigem a demissão da presidente de facto, Dina Boluarte, o encerramento do Congresso, a libertação do presidente da República destituído, Pedro Castillo, e a convocação de eleições.
No fim-de-semana passado, refere a Prensa Latina, o Ministério da Saúde informou que tinha registado 25 mortes durante os protestos contra o governo liderado por Dina Boluarte, que tomou posse a 7 de Dezembro, após a destituição de Castillo, e a quem os manifestantes chamam «usurpadora».
Além de mobilizações em Lima, ontem houve pelo menos mobilizações nas regiões de Cusco e Puno. Por outro lado, teve lugar o enterro dos manifestantes que foram mortos na região de Ayacucho, no passado dia 15.
Denúncias e pedidos de investigação
A Coordenadora Nacional dos Direitos Humanos emitiu um comunicado de repúdio pela «militarização do protesto e o crescente autoritarismo».
«Deploramos que até agora o Estado peruano não tenha dado uma explicação sobre a investigação das mortes de manifestantes, causadas pelas forças da ordem, pelo que exigimos o levantamento do estado de emergência e a plena restituição das garantias individuais», afirma o texto, citado pela TeleSur.
A Coordenadora também insta o Congresso do país sul-americano a chegar a um acordo sobre as eleições gerais antecipadas para 2023, «tal como exigem mais de 86% dos nossos compatriotas».
Também os governadores das várias regiões do Peru, após uma reunião celebrada em Lima, afirmaram que as mortes «devem ser investigadas e punidas», e exigiram o encerramento do Congresso, a demissão da presidente de facto e eleições gerais antecipadas.
No entanto, até ao momento, não há consenso no Parlamento para adiantar as eleições, depois de, na sexta-feira passada, um projecto nesse sentido ter sido chumbado.
CGTP condena repressão e afirma que os trabalhadores estão em «mobilização permanente»
Num comunicado emitido esta segunda-feira, a Confederação Geral dos Trabalhadores do Peru (CGTP) condena a repressão da «ditadura cívico-militar», que, explica, foi formada pelo governo de Dina Boluarte, apoiado por sectores extremistas do Congresso, das Forças Armadas e da Polícia, com o beneplácito da oligarquia e do poder mediático.
Além da condenação do «cruel assassinato» dos manifestantes, que «são acusados de vândalos e terroristas para justificar a repressão», a central sindical denuncia a perseguição a organizações sociais, cujas sedes estão a ser alvo de buscas.
Para a CGTP, que convocou para hoje uma vigília pelos cidadãos assassinados pela repressão golpista, a saída democrática para a actual crise está na convocação de eleições gerais e na convocação de uma Assembleia Constituinte.
Neste sentido, informa, os trabalhadores peruanos estão em permanente mobilização e nos próximos dias irá ser decidida a convocação de uma greve geral, no âmbito de outras acções.
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