Numa missiva enviada ao secretário-geral da ONU, António Guterres, o também secretário-geral da Frente Polisário «expressou a forte condenação» das acções realizadas pelas forças de repressão marroquinas na semana passada.
Entre outros aspectos, referiu-se à demolição e incêndio de casas rurais e cabanas, propriedade de famílias saarauís, nos territórios ocupados, na zona costeira entre El Aiun e Bojador, indica a agência Sahara Press Service (SPS).
Assinalou, igualmente, o facto de as autoridades de ocupação continuarem a confiscar terras que pertencem aos saarauís – que entregam a colonos marroquinos e investidores estrangeiros –, a destruir propriedades e meios de sustento, a matar gado e a tornar os saarauís «refugiados e deslocados na sua própria terra».
A este propósito, deixou claro que a Frente Polisário condena esta nova escalada de violência contra o povo saarauí, que é «mais um capítulo do terrorismo de Estado sistemático e da hedionda política de terra queimada implementada pelo Estado ocupante de Marrocos».
Lembrou ainda que, a 13 de Novembro de 2020, o ocupante marroquino violou o acordo de cessar-fogo assinado em 1991 e, em virtude disso, todo o território da RASD é uma zona de guerra aberta.
Neste contexto, Brahim Ghali destacou a «responsabilidade jurídica e moral que as Nações Unidas e as suas agências têm para com o povo do Saara Ocidental enquanto território sujeito a um processo de descolonização que ainda não foi concluído».
Solicitou ao secretário-geral da ONU que crie um mecanismo internacional independente para garantir a protecção dos direitos humanos dos saarauís no território onde se encontra a Missão das Nações Unidas para o Referendo do Saara Ocidental (Minurso).
Frente Polisário lamenta que Espanha reafirme o alinhamento com Marrocos
A propósito da visita do primeiro-ministro espanhol a Rabat, Abdulah Arabi, representante da Frente Polisário em Espanha, afirmou esta quarta-feira que, dessa forma, Pedro Sánchez reafirma a defesa da proposta de autonomia apresentada por Marrocos em relação ao Saara Ocidental.
Em seu entender, isto significa «continuar a basear as relações bilaterais entre Espanha e Marrocos nas violações sistemáticas de direitos humanos que Marrocos comete impunemente no território ocupado do Saara Ocidental».
Desta forma, Arabi lamentou que Espanha tenha abdicado definitivamente de assumir um «papel proeminente que lhe cabia no processo de descolonização do Saara Ocidental», indica a agência Europa Press.
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