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Bandeiras vermelhas proibidas no aniversário da morte de Gramsci

A direcção do cemitério Acattolico de Roma, onde está sepultado Antonio Gramsci, fundador do Partido Comunista Italiano, proibiu a exibição de qualquer bandeira ou faixa vermelha: uma cor «divisiva».

Na cerimónia de comemoração do 88.º aniversário da morte de Antonio Gramsci, fundador e secretário-geral do Partido Comunista Italiano, morto aos 46 anos na sequência de maus-tratos nos cárceres do fascismo em Itália, «teve lugar um acto de censura sem precedentes», afirma Giovanni Barbera, dirigente do Partido da Refundação Comunista (PRC). É a primeira vez em décadas de celebrações no Cimitero Acattolico (onde são enterradas as pessoas não-católicas em Roma) que as «bandeiras vermelhas, que, no respeito pela memória histórica, sempre acompanharam as sessões em memória de Gramsci».

A directora da instituição, a Dra. Mazurek, considerou que «a cor vermelha seria divisiva» e acabou por proibir até «a utilização de um simples pano vermelho, sem símbolos ou qualquer coisa escrita». À entrada do Cimitero Accatolico, foi pedido aos vários participantes para não exibirem símbolos dos seus partidos (participaram representantes do Partido Democrático e da Sinistra Italiana).

Mazurek defendeu-se com a ideia de que a bandeira vermelha poderia ser considerada ofensiva «para as pessoas aí sepultadas, assim como para os seus familiares». Mas, em Itália, afirma o PRC, a Bandiera Rossa «é a bandeira dos que lutaram contra o fascismo e pela democracia: os mortos devem ser todos respeitados, mas nem todos são iguais, nem todos estavam do lado certo contra a barbárie nazi-fascista. Sem esquecer que, antes disso, a bandeira vermelha era já um antigo estandarte da justiça e redenção».

«Negar a presença dos nossos símbolos na comemoração de Antonio Gramsci, um dos maiores pensadores do século XX, fundador do Partido Comunista de Itália e mártir do fascismo, no dia da sua morte, é um acto de ignomínia que merece a mais dura condenação», considera o PRC.

A censura não impediu a cerimónia, mas, para além dos símbolos do movimento da paz, os nomes dos partidos apenas estiveram presentes nas coroas de flores deixadas na campa de Gramsci. Mais de uma centena de pessoas participou na homenagem, entoando a Internacional e exibindo, no final, a bandeira do Partido Comunista: desafiando as censuras.

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