«Em 2025, num país democrático como a Itália, dois cidadãos italianos que trabalham como jornalistas num jornal independente como o Fanpage.it foram alvo de um spyware que atingiu os seus telefones com o objectivo de entrar em todas as conversas, todas as pastas, para poder usá-las contra eles». A notícia é dada por Francesco Cancellato, editor-chefe do jornal online Fanpage, que num texto de opinião no seu jornal dá conta dos ataques ao proṕrio e a Ciro Pellegrino, autor de um trabalho de investigação que expôs a presença de jovens fascistas dentro do partido da primeira-ministra Giorgia Meloni.
O texto intitulado «Chega de silêncio e omissões: o Governo precisa de nos dizer quem espiou a Fanpage», o editor-chefe da publicação italiana conta que depois dele próprio ter sido alvo de um spyware, agora foi a vez de outro jornalista da sua redação, e que o Governo italiano continua sem dar explicações sobre a autoria do crime, mesmo depois de admitir que havia mais seis pessoas com o software de espionagem nos seus dispositivos móveis. De acordo com o Fanpage, uma das outras pessoas espiadas era a chefe de missão da Mediterranea Saving Humans, Luca Casarini.
Se tal já não bastasse, sabe-se agora que também Ciro Pellegrino foi um dos alvos, depois de ter participado numa investigação na qual se infiltrou em grupos e fóruns de chat usados por membros da Juventude Nacional, a ala jovem do partido Irmãos da Itália, de Meloni, e ter reportado a actividade fascizante tida nesse meio.
Em declarações ao The Guardian, Pellegrino disse ter dado conta que o seu telemóvel estava sob escutas quando recebeu uma notificação da Apple que informava ter detectado um ataque de spyware mercenário. O jornalista diz ter entrado em contacto com investigadores do Citizen Lab da Universidade de Toronto, que monitorizam a vigilância digital de actores da sociedade civil para o ajudar a identificar o tipo de spyware usado nesse ataque.
Especula-se que assim como nos outros sete casos, o spyware tenha origem numa empresa israelita, a Paragon Solutions, que até Fevereiro deste ano mantinha uma relação comercial com o Governo italiano. Segundo a empresa, de acordo com a sua política comercial, o seu software não pode ser utilizado em membros da sociedade civil.
Conforme se pode ler no texto de Francesco Cancellato, Meloni recusa responder a perguntas sobre o caso, o que levanta um manto de suspeitas em torno do seu Governo.
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