|Brasil

Movimentos sociais protestam contra despejos em São Paulo

Milhares de pessoas exigiram a suspensão dos despejos, esta quarta-feira, na capital paulista. De acordo com a Campanha Despejo Zero, cerca de 500 mil pessoas podem perder as casas no estado de São Paulo.

CréditosGabriela Moncau / Brasil de Fato

A manifestação de carácter unitário foi convocada pela Campanha Despejo Zero, com partida da Praça da República, no centro da cidade, e paragens no município, na secretaria de segurança pública do governo estadual e no Ministério Público e no Tribunal de Justiça de São Paulo.

Ali, explica o Brasil de Fato, foi entregue um ofício a exigir «respostas efetivas das autoridades e o fim das práticas higienistas que removem moradores sem sequer garantir alternativas adequadas».

«A serviço das grandes construtoras e da especulação imobiliária, o governador Tarcísio de Freitas e o prefeito Ricardo Nunes têm promovido despejos verdadeiramente violentos em São Paulo. Dezenas de ocupações estão ameaçadas de, nas próximas semanas, serem alvo de investidas policiais para remoção violenta e sem alternativa habitacional», declarou Felipe Vono, da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).

A maioria dos manifestantes – cerca de dez mil – eram moradores de favelas e ocupações, que também denunciaram as violentas intervenções policiais, decretadas pelos governos de direita, nas suas comunidades.

De acordo com os números divulgados pela Campanha Despejo Zero, que integra mais de 100 organizações, cerca de meio milhão de pessoas vivem na iminência de perder as suas casas no estado paulista.

No Jardim Pantanal, na zona oriental de São Paulo, perto de 4500 famílias que ali residem foram surpreendidas com o anúncio, em Maio, de que serão despejadas para dar lugar a uma obra da administração municipal contra inundações.

«Estamos apreensivos, sem respostas conclusivas da prefeitura. Estamos inseguros sobre o que pode acontecer nas próximas semanas», disse Lidi Ferreira, habitante da comunidade, ao Brasil de Fato. «A gente resolveu se juntar ao ato de hoje, porque não é só o Jardim Pantanal que está passando por isso», sublinhou.

Maioria dos afectados pelas ameaças de despejo: mulheres e negras

Os dados recolhidos pela Campanha Despejo Zero SP apontam para a existência de 126 mil famílias sob ameaça de despejo em todo o estado actualmente. Das cerca de 500 mil pessoas afectadas, 334 152 são negras e 315 504 são mulheres.

Aline Ravena, moradora na Ocupação dos Queixadas, organizada pelo Movimento Luta Popular em Cajamar (SP), faz parte dessa maioria de mulheres negras e mobilizou-se para não perder o tecto.

«Estamos aqui para lutar pela suspensão de todos os despejos. Não temos condições de pagar aluguel, querem tirar a gente sem dar nenhuma saída. Nos encontramos em uma situação desesperadora. A maioria das mães da Ocupação dos Queixadas são mães solo, então a gente não sabe mais o que fazer. Estamos aqui para lutar pelo despejo zero», declarou Aline.

Entre as entidades que se mobilizaram esta quarta-feira, membros da Campanha em São Paulo, estão o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a União de Movimentos de Moradia (UMM), o Movimento Luta Popular, a Federação das Associações Comunitárias de São Paulo (Facesp), Central de Movimentos Populares (CMP) e o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB).

Deputados estaduais e vereadores de Psol e PT também se fizeram representar.

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui