Sobram razões para promover esta discussão no distrito do Porto. Como explica, em comunicado enviado ao AbrilAbril, a Comissão para a Igualdade da CGTP-IN, «o sector das Actividades de saúde humana e apoio social foi o segundo sector com maior número de doenças profissionais certificadas» em 2021.
Foi exactamente no Porto que estas trabalhadoras mais se evidenciaram, com «39,9% do total nacional, em número de mortes devidas a doenças profissionais».
A iniciativa, que se realiza amanhã, às 10h30, na Casa Sindical do Porto, contará com cerca de 200 participantes, incluindo trabalhadoras oriundas de diversas instituições do sector, de todo o país, assim como os contributos de Esteban Tromel, especialista sénior da Organização Internacional do Trabalho, na área da deficiência, Alcides Monteiro, professor e sociólogo, da Universidade da Beira Interior, e Silva Santos, médico na área da Saúde Ocupacional.
«A importância do trabalho do cuidado para o funcionamento da sociedade» e a desvalorização dos seus profissionais
O sucessivo desinvestimento na Rede de Equipamentos e de Respostas Sociais, na sua globalidade, conduziu ao enfraquecimento da sua componente pública ao longo dos anos, fragilizando-se as funções sociais atribuídas ao Estado, refere a Comissão para a Igualdade entre Mulheres e Homens (CIMH/CGTP-IN), nas suas redes sociais.
Em geral, as responsabilidades do Estado têm sido «quase totalmente transferidas para as IPSS e entidades similares ou da responsabilidade de privados».
As condições de trabalho recentem essa realidade: «o sector social é altamente feminizado e nele grassam os baixos salários, incluindo o salário mínimo nacional, que tem nestas actividades uma percentagem elevada, os longos tempos de trabalho, as duras condições físicas e psíquicas em que se desenvolve o trabalho, a falta de valorização das carreiras profissionais e de formação profissional adequada».
As trabalhadoras que cuidam de pessoas idosas, de pessoas com deficiência e de pessoas doentes, que cuidam e educam as crianças e jovens, precisam, urgentemente, de «melhores condições para fazer esses trabalhos tão essenciais, nomeadamente de equipamento adequado às elevadas exigências profissionais».
«Quem recebe cuidados tem o direito de receber serviços de qualidade, uma qualidade que só pode ser garantida se o trabalho do cuidado for devidamente qualificado e valorizado pelo governo e pelas entidades envolvidas».