A centenária Associação Académica de Coimbra (AAC) admitiu, em Março, recorrer ao regime de lay-off para suspensão dos vínculos de 25 funcionários, durante, pelo menos, um mês. Posteriormente, em entrevista à Rádio Universidade de Coimbra (RUC), o presidente da Direcção-Geral, Daniel Azenha, remeteu essa hipótese para Maio.
De acordo com as declarações publicadas ao longo destes dias, a aplicação desta medida justificar-se-á pela «desnecessidade de pessoal», por razões de «segurança sanitária» e instabilidade financeira da associação.
Em comunicado enviado à AAC, são várias as críticas a esta sugestão avançadas pelo Grupo de Etnografia e Folclore da Academia de Coimbra (GEFAC), o Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra (TEUC), o Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra (CITAC), a Real República Prá-Kys-Tão e a Real República do Rás-Teparta.
Estas organizações lembram que, tendo em conta o carácter específico da AAC, «é difícil perceber que consequências geradas pela Covid-19 afectaram o trabalho associativo da instituição, permitindo-lhe a aplicação do regime de lay-off, sobretudo porque se aplica a empresas com perda de facturação ou com paragem total/parcial por perda de encomendas ou com falha nas cadeias de abastecimento».
Mesmo com a interrupção prevista das actividades da associação, no passado dia 1 de Abril, a Universidade de Coimbra anunciou que ia financiar a AAC com um apoio directo de 240 mil euros. «Se este é um apoio para fazer frente às consequências do vírus na actividade da associação, sublinhamos a necessidade de priorizar o pagamento de salários na utilização desta verba», reivindicam.
As estruturas sublinham que aplicar um plano de contingência para salvaguardar a segurança sanitária dos trabalhadores da AAC, mas «negligenciar a segurança laboral e financeira dos mesmos, é um exemplo claro de uma das ameaças mais sérias: o aproveitamento do contexto actual para atropelar os direitos e a segurança dos trabalhadores».
«De uma instituição que se orgulha de estar na frente das acções do movimento estudantil e que nelas contou, sempre, com o apoio e solidariedade da comunidade exige-se que enfrente as exigências do contexto actual, honrando o seu legado de resistência e de luta pela liberdade e pela democracia», alegam as duas «reais repúblicas», o GEFAC, TEUC e CITAC.
A 27 de Março, o grupo parlamentar do PCP questionou o Governo sobre «medidas a tomar para assegurar o cumprimento integral dos direitos dos trabalhadores» da AAC.
Contribui para uma boa ideia
Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.
O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.
Contribui aqui