Na noite da passada sexta-feita, o Ministério da Saúde cancelou uma reunião com a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) marcada para dia 25 e que estava agendada há mais de um mês. O propósito da reunião negocial era chegar a um entendimento entre as partes, dado o grande descontentamento que os médicos sentem e o elevado estado de degradação do SNS.
Além do cancelamento da reunião merecer repúdio, uma vez que demonstra «um desrespeito total pelo processo negocial», a FNAM critica a falta de consideração pelos utentes que viram os seus actos médicos reagendados, já que os dirigentes sindicais envolvidos na negociação exercem actividade clínica em pleno em simultâneo com a sua actividade sindical.
Ciente da importância da reunião, a FNAM propôs à tutela uma janela de datas, de 2 a 5 de Julho, para a realização da mesma, esperando que o Ministério «cumpra o seu papel com seriedade negocial, de forma célere, no reagendamento da reunião, em vez de se refugiar em fogos de artifício na comunicação social».
As fortes palavras prendem-se com o facto de a tutela não admitir a sua falha ao cancelar a ronda negocial e, por sua vez, procurar desresponsabilizar-se pelo adiamento de uma reunião «fundamental para o futuro do SNS», de acordo com a federação.
O Conselho Nacional da FNAM reunirá no próximo sábado, dia 19, para avaliar a disponibilidade negocial do Ministério da Saúde e decidir as formas de luta que se entendam necessárias, nomeadamente o reforço do movimento dos médicos que se recusam a ultrapassar o limite legal das horas suplementares.
Entretanto a FNAM terá espaço para, mais uma vez, colocar todas as suas preocupações e reivindicações na Assembleia da República. O PCP viu aprovado o seu requerimento para audição desta estrutura sindical de forma a apurar as dificuldades de funcionamento dos serviços de urgência do SNS.
Para além da FNAM, serão também ouvidas entidades como o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, o Sindicato Nacional dos Técnicos Superiores de Saúde das Áreas de Diagnóstico e Terapêutica, a Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais e a ministra da Saúde, Ana Paula Martins.