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Greve por turnos arranca em sete empresas do sector corticeiro

Em 2022, o sector corticeiro facturou mais de dois mil milhões de euros. De 12 e 15 de Julho, os trabalhadores vão parar a produção em 7 das maiores empresas do sector, em luta por aumentos salariais dignos.

Trabalhadores rejeitam o horário concentrado de 12 horas em 3 dias de turnos contínuos e não aceitam o fim do sábado e do domingo como dias de descanso
CréditosNuno Veiga / Agência Lusa

Mesmo num sector de lucros obscenos, com uma facturação de mais de dois mil milhões de euros só em 2022, o patronato «teima em não querer aumentar devidamente os salários, num sector em que a maioria dos trabalhadores tem um salário base mensal de apenas 868 euros», denuncia a Federação Portuguesa dos Sindicatos da Construção, Cerâmica e Vidro (Feviccom/CGTP-IN).

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Porque é que a Amorim Florestal «teme a organização dos seus trabalhadores»?

A empresa proibiu a realização de uma acção de esclarecimento da União de Sindicatos do Norte Alentejano com os trabalhadores, constituindo um «ataque anti-constitucional à liberdade sindical».

Herdade do Conqueiro, em Avis, propriedade da Corticeira Amorim 
CréditosNuno Veiga / Agência Lusa

«O objectivo desta jornada de contacto era o esclarecimento. Pretendia-se dar nota, não apenas da organização de uma manifestação nacional no próximo sábado dia 20 de Novembro, mas também das reivindicações que constam do processo de negociação colectivo que decorre em todo o sector corticeiro, bem como do seu ponto de situação», clarifica a União de Sindicatos do Norte Alentejano (USNA/CGTP-IN), em comunicado enviado ao AbrilAbril.

Mesmo tendo sido informada, com antecedência e nos termos da lei, da actividade sindical que se iria realizar nesse dia, e em que participariam dirigentes sindicais da USNA e do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Cerâmica, Cimentos e Similares, Construção, Madeiras, Mármores, Cortiças do Sul e Regiões Autónomas (STCCMCS\CGTP-IN), a Amorim Florestal, que pertence à Corticeira Amorim, não hesitou em impedir a entrada dos sindicalistas nas suas instalações.

Curioso foi logo após a GNR ter sido chamada ao local, pelos sindicatos, se ter esfumado a oposição da empresa. Os dirigentes sindicais presentes foram rapidamente informados de que afinal já teriam acesso às instalações, desde que permanecessem junto à portaria.

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«Corticeiros continuam a empobrecer a trabalhar»

«No País que é o maior produtor mundial de cortiça», patrões consideram 56,8 cêntimos por dia «o maior aumento do século». Trabalhadores mantêm reivindicações e partirão para novas acções de luta.

O anúncio do «maior aumento salarial do século» divulgado pela Associação Portuguesa da Cortiça (APCOR), no passado fim-de-semana, vem agora ser rebatido pelos representantes dos trabalhadores.

A Federação Portuguesa Sindicatos da Construção, Cerâmica e Vidro (Feviccom/CGTP-IN) declarou, em comunicado, que a distribuição da riqueza no sector corticeiro está «profundamente desequilibrada», já que o aumento de 17,06 euros corresponde a 56,8 cêntimos por dia. Dão o exemplo da Corticeira Amorim cujos lucros em 2018 aumentaram 6%, o que corresponde a um valor de 77,4 milhões de euros.

A nota acrescenta que, se em 2009 o peso das remunerações na riqueza criada era de 62,3%, em 2016 diminuiu para 41%. «Os corticeiros estão a empobrecer a trabalhar: a sua produtividade e esforço têm vindo a aumentar, mas o peso dos seus salários tem vindo a cair face à riqueza criada!», afirmam.

No decorrer das negociações, os sindicatos dizem que a APCOR rejeitou propostas como o alargamento das diuturnidades para todos os trabalhadores; o pagamento de complemento de subsídio de doença profissional; e a introdução de nova cláusula sobre a proibição do assédio no trabalho.

Os trabalhadores rejeitam as declarações da APCOR de que o sector não pode suportar um aumento salarial superior a 17,06 euros mensais, tendo em conta os resultados das empresas. Serão decididas novas acções de luta até ao final deste mês.

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E porque teria a empresa tanto medo, ao ponto de quebrar, conscientemente, a lei, que os sindicalistas contactassem com os trabalhadores? Que estes fossem informados sobre o «processo negocial em curso no sector corticeiro»? Que fossem informados sobre a «manifestação nacional no dia 20 de Novembro»?

Provavelmente, tentavam «ocultar aos trabalhadores da empresa o motivo pelo qual os seus salários não aumentam de forma digna», mesmo que empresas, como é o caso da Amorim, continuem a registar lucros milionários e mantenham um papel activo «neste bloqueio salarial».

Os trabalhadores têm exigido o «aumento dos dias de férias, a redução da jornada de trabalho semanal para as 35 horas e a atribuição de diuturnidades», num clima de assédio laboral promovido pela empresa, que já chegou a «ameaçar» todos aquelas que participem em plenários sindicais com a retirada de dias de férias.

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A proposta patronal (da Associação Portuguesa da Cortiça), no entanto, fica-se pelos 58 euros de aumento nos salários e 50 cêntimos por dia para o subsídio de refeição: «uma desconsideração para os trabalhadores e que representa uma perda real do seu poder de compra» face aos valores da inflação e o aumento brutal do custo de vida.

Só a Corticeira Amorim, líder mundial no sector da cortiça, «somou lucros de mais de 98 milhões de euros em 2022», somando ao primeiro trimestre de 2023, «já acumulou lucros líquidos de quase 24 milhões de euros. Ou seja, cerca de 8 milhões de lucros líquidos por mês».

Os trabalhadores corticeiros, organizados na Feviccom, decidiram demonstrar o seu desagrado e a sua exigência de maiores aumentos salariais através de greves parciais, entre os dias 12 e 15 de Julho, parando a produção de sete empresas.

A 12 de Julho, na Amorim Subertech, a produção estará suspensa entre as 10h/12h; 16h/18h e das 22h/24h, um conjunto de paragens que se repetirá na Amorim Cork Flooring. Na Socori – Sociedade de Cortiças de Riomeão, a greve vai afectar os turnos a laborar entre as 10h/12h e 17h/19h, repetindo-se a situação a 13 de Julho, das 00h às 2h30.

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Operários da corticeira Amorim contestam jornadas de 12 horas

Nos plenários realizados esta terça-feira, os trabalhadores da unidade industrial da corticeira Amorim, em Coruche, repudiaram os horários de turnos contínuos de 12 horas que a administração pretende introduzir.

Trabalhadores rejeitam o horário concentrado de 12 horas em 3 dias de turnos contínuos e não aceitam o fim do sábado e do domingo como dias de descanso
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Os plenários foram convocados pelo Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Cerâmica, Cimentos e Similares, Construção, Madeiras, Mármores e Cortiças do Sul e Regiões Autónomas (CGTP-IN).

Em declarações ao AbrilAbril, Rui Aldeano, coordenador da União de Sindicatos de Santarém, explicou que, dos três plenários planeados, apenas dois foram realizados pois a empresa impediu um e tentou fazer o mesmo ao plenário da tarde, que contava com a presença do secretário-geral da CGTP-IN.

«Não conseguiram porque os trabalhadores insistiram e forçaram a barra», reiterou o dirigente, tendo afirmado que o sindicato vai apresentar queixa junto da Autoridade para as Condições no Trabalho (ACT). 

Os trabalhadores da unidade industrial estão contra a intenção da corticeira de aplicar em algumas áreas a laboração contínua com jornadas de 12 horas durante três dias seguidos, dando depois três de descanso.

Intenção amplamente rejeitada

Classificando o novo horário como «muito penoso», os trabalhadores decidiram avançar com uma posição colectiva, estando a recolher assinaturas, que será entregue à administração para evidenciar o descontentamento.

Entre os motivos, apontam para as «profundas consequências negativas na saúde» que implicará trabalhar mais que oito horas diárias, especialmente quando se trata de turnos contínuos sem o devido descanso.

Além disso, o horário tem «implicações gravosas na organização e concilação da sua vida pessoal e familiar», privando-os do tempo de fim-de-semana com a família, como também resultará na diminuição dos seus rendimentos pois vão deixar de receber o trabalho suplementar.

O sindicato irá remeter os protestos dos trabalhadores à administração e à ACT, acompanhados com um novo pedido de reunião urgente.

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Os trabalhadores da Granorte – Revestimentos de Cortiça vão realizar paralizações ao longo de três dias, 12, 13 e 14 de Julho, sempre nos mesmos horários: 10h30/12h; 14h/15h30. A Amorim Cork estará em greve no dia 13, das 5h/8h; 13h/17h e 21h/24h, enquanto a paralização da Amorim Champcork está agendada para as 14h/16h de dia 13 e o turno das 4h/6h no dia 14. 

A Amorim Cork Composites começa a sua acção de luta no dia 14 de Julho, às 9h/11h e às 16h/18h, prolongando a greve até ao dia 15 de Julho, de madrugada, das 4h às 6h.

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