|greve geral

Estamos em greve

Ao longo do último mês concentrámos esforços em esclarecer o que está em causa no anteprojecto do Governo. Esta quinta-feira, o AbrilAbril adere à greve em protesto contra a desumanidade travestida de progresso. 

Créditos / AbrilAbril

A greve geral ainda não começou e já é um sucesso pelo facto de ter permitido tanta discussão pública e esclarecimento sobre o que a motiva – o pacote laboral que o Governo apresenta como condição para, alegadamente, adaptarmos o mundo do trabalho aos novos tempos, mas que os sindicatos imediatamente perceberam como um retrocesso civilizacional.

«Se o mundo está a mudar, mude-se a vida dos trabalhadores», reagiu Tiago Oliveira em entrevista ao AbrilAbril, um dos conteúdos que destacamos na primeira página sobre a greve geral. Uma sugestão de leitura para quem ainda possa estar arredado do que realmente significa a proposta que Governo e patrões querem levar por diante, ou simplesmente uma oportunidade de confirmar que o dia de luta é válido e necessário para que a vida melhor por que trabalhamos seja uma realidade. E para que os direitos laborais, que tanto custaram a conquistar, não retrocedam ao tempo em que o avanço tecnológico de que hoje beneficiamos estava longe, até, de ser idealizado.

Ao mesmo tempo que a ministra do Trabalho deixou fugir o pé quando admitiu haver actualmente «um desequilíbrio a favor dos trabalhadores», o Governo não conseguiu desenvolver o argumentário em torno da suposta necessidade desta revisão. Tentou convencer-nos de que desproteger os direitos dos trabalhadores era a receita para maior produtividade. Depois, focou-se na ideia de tentar mitigar os efeitos da greve geral desta quinta-feira, apesar de a política que adopta nos deixar diariamente à mercê da desvalorização dos serviços públicos. São as urgências encerradas, os comboios lotados, as escolas sem professores, a precariedade entranhada, a dificuldade em manter a habitação, trabalhadores com horários desregulados que não conseguem sair da pobreza. Por fim, num acto que a CGTP-IN apelidou de «desesperado», Montenegro tentou desencorajar a greve geral alegando que as alterações à legislação laboral «abrem portas» a um salário mínimo de 1500 euros, quando sabemos que não só estão nos antípodas, como têm o condão de facilitar e embaretecer despedimentos.  

Ao longo do último mês concentrámos esforços em esclarecer o que está em causa no anteprojecto do Governo. Esta quinta-feira aderimos à greve, porque,

Não aceitamos retroceder nos direitos laborais em nome de um futuro que os trabalhadores já rejeitaram

Não aceitamos políticas que explorem o fosso da desigualdade num dos países mais desiguais da Europa;

Não aceitamos que se aumente a precariedade, colocando a vida dos trabalhadores no bolso dos patrões;

Não aceitamos uma desumanidade travestida de progresso, onde os trabalhadores têm cada vez menos tempo para si e para a sua família;

Não aceitamos relações de trabalho desequilibradas, onde quem menos tem mais tem a perder, desaparecendo a ideia de estabilidade profissional;

Em resumo, não aceitamos que nos hipotequem o futuro que realmente conta. 

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui