|greve geral

Mais de 3 milhões de trabalhadores rejeitam o pacote laboral

A adesão à greve geral desta quinta-feira foi, segundo a CGTP, superior a três milhões de trabalhadores. «Um aviso claro a todos aqueles que consideram que a voz dos trabalhadores não conta», alertou Tiago Oliveira.

Créditos / CGTP-IN

A greve geral contra a proposta de revisão da legislação laboral paralisou sectores como os transportes, a educação, a saúde e os serviços, com grandes manifestações em vários pontos do País, incluindo nas regiões autónomas.

Num universo de cerca de 5,3 milhões de trabalhadores activos no país, mais de três milhões pararam esta quinta-feira, apesar de tanto a Confederação Empresarial de Portugal (CIP) como o Governo terem tentado desvalorizar o impacto da greve. Depois de o ministro da Presidência, Leitão Amaro, ter falado de um nível de adesão «inexpressivo», foi a vez de o primeiro-ministro, Luís Montenegro, alegar que «a parte que está a exercer o seu legítimo direito à greve é a parte minoritária» – afirmação contrariada mais tarde pelo secretário-geral da CGTP-IN.

«Estamos perante uma das maiores greves gerais de sempre, se não mesmo a maior greve geral de sempre», afirmou Tiago Oliveira após uma manifestação entre o Rossio e São Bento, em Lisboa, participada por milhares de pessoas que exteriorizaram o seu descontentamento através de cânticos, pancartas e palavras de ordem, como «O povo unido jamais será vencido».

«Perante isto, dizemos ao Governo: retirem o pacote laboral», prosseguiu o líder da Intersindical, admitindo que, a concretizar-se, significaria «um profundo retrocesso nos direitos de quem trabalha». A normalização da precariedade, o «ataque» às famílias e à conciliação entre a vida pessoal e familiar e o mundo do trabalho, a facilitação dos despedimentos, o ataque do direito à greve e a fragilização da contratação colectiva, através da caducidade automática ao fim de quatro anos, foram algumas das críticas deixadas à proposta governamental.

Créditos

O dirigente sindical foi peremptório em qualificar os objectivos da revisão. «Tudo isto revela bem a quem serve este pacote laboral. Tudo isto revela bem a quem este governo presta serviço. Nada disto serve aos trabalhadores. Tudo isto serve aos patrões», disse. «Estão-nos a negar uma vida melhor», acrescentou o secretário-geral da CGTP-IN, que acusou o Governo de Luís Montenegro de querer «condenar os trabalhadores a uma vida de precariedade e sem direitos», mas de se ter enganado ao não contar «com a força e a luta dos trabalhadores».

Tiago Oliveira rebateu as justificações apresentadas pelo primeiro-ministro, que ligou a proposta de revisão laboral à possibilidade de atingir um Salário Mínimo Nacional (SMN) de 1600 euros e um salário médio de 3000 euros, lembrando que o actual governo assinou um acordo para aumentos anuais do SMN de apenas 50 euros e contesta a fixação de 1050 euros de salário mínimo em Janeiro de 2026.

Reconhecendo a «impressionante resposta do mundo do trabalho», Tiago Oliveira enalteceu o papel de todos os que contribuíram para a realização da greve geral e dirigiu uma saudação especial aos jovens trabalhadores que exerceram pela primeira vez o direito à greve.

«Hoje assumimos, enquanto trabalhadores, a nossa condição de classe. Lutamos, juntos, por uma vida melhor», afirmou o responsável da Inter. Certo de que o pacote laboral «é para cair», Tiago Oliveira anunciou que, brevemente, o Conselho Nacional da CGTP-IN irá reunir e discutir a continuação da luta, lembrando, contudo, a recolha de assinaturas em marcha, a nível nacional e dirigida ao primeiro-ministro, de rejeição do pacote laboral. «São muitas as assinaturas recolhidas até ao momento. Podem ser muitas mais. Cabe a cada um de nós contactar mais um amigo. Cabe a cada um de nós potenciar esta disponibilidade para a luta demonstrada por quem trabalha», rematou.

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui