|Frente Comum

Esta sexta-feira é dia de «grande greve» da Administração Pública

Foi desta forma que Sebastião Santana, coordenador da Frente Comum, evocou a paralisação de amanhã, em virtude de o Governo não apresentar soluções e manter a proposta de 0,9% de actualização salarial.

A Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública (CGTP-IN) realizou um plenário de sindicatos em frente ao Ministério da Modernização do Estado e da Administração Pública onde foi aprovada uma resolução a entregar à tutela, Lisboa, 9 de Outubro de 2020.
CréditosTiago Petinga / Agência Lusa

Em mais uma reunião de negociação convocada pelo Governo, nas vésperas da greve nacional convocada pela Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública (CGTP-IN), não foram apresentadas «quaisquer propostas para resolver os problemas dos trabalhadores» do sector público, denuncia a Frente Comum, através de comunicado.

O Governo confirmou ontem que vai avançar com uma actualização salarial de 0,9% para todos os trabalhadores da Administração Pública, um valor que a Frente Comum considera «absolutamente insuficiente». Entretanto, o coordenador da Frente Comum, Sebastião Santana, frisa que, além dos salários, o Governo «pode», mas «não dá resposta a um conjunto de problemas», como a actualização do subsídio de alimentação, a contagem do tempo de serviço aos trabalhadores integrados via Programa de Regularização Extraordinária dos Vínculos Precários do Estado (PREVPAP), ou a revisão do sistema de avaliação de desempenho (SIADAP).

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Aumento de 0,9% é «uma afronta», diz Frente Comum

A Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública (CGTP-IN) afirma que o valor de 0,9% proposto pelo Governo não satisfaz as necessidades e é «uma afronta» aos trabalhadores.

Sebastião Santana, coordenador da Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública (CGTP-IN)
CréditosTiago Petinga / Lusa

O Governo propôs esta quinta-feira aos sindicatos da Administração Pública uma actualização salarial de 0,9%, de acordo com a inflação prevista para 2022, o que significa que os trabalhadores pouco ou nada veriam de aumento no próximo ano.

À saída do encontro, o líder da Frente Comum, Sebastião Santana, realçou que a proposta representa uma manutenção de política salarial seguida por sucessivos governos e «é uma afronta» para quem assegura serviços públicos. 

Sebastião Santana recordou que o quadro macroeconómico traçado por analistas e pelo Governo é de recuperação económica e que por isso «não há como não aumentar salários», tendo em conta também a influência destes na dinamização da economia.

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Função pública «na linha da frente» rejeita adiamento dos aumentos salariais

A Frente Comum não aceita «as tristes declarações» do ministro da Economia, que põe a hipótese de não haver aumentos salariais, depois de uma década com salários congelados.

Milhares de trabalhadores desafiaram a chuva para se manifestarem em Lisboa, no dia da greve nacional dos trabalhadores em funções públicas e sociais, a 31 de Janeiro de 2020
CréditosMário Cruz / LUSA

Com os salários congelados desde 2009, os trabalhadores da função pública não aceitam que «a reboque da pandemia se continue a desenvolver uma política de baixos salários».

Em comunicado à imprensa, a Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública (CGTP-IN) reagiu às declarações do ministro da Economia, lembrando que estes trabalhadores responderam «estamos presentes» e se encontram na linha da frente da resposta a esta crise de saúde pública, e rejeitam que se continue a desinvestir nos serviços públicos e nos seus trabalhadores.

«O aumento dos salários e o investimento público é determinante no futuro do País e na recuperação económica que, necessariamente, terá que acontecer», pode ler-se na nota, na qual também se afirma que sem serviços públicos «de qualidade» não há futuro.

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O valor proposto está longe dos 90 euros exigidos pelos trabalhadores da Administração Pública e que a CGTP-IN aprovou recentemente no quadro da política reivindicativa para 2022.  

Neste sentido, o líder da Frente Comum defendeu que os trabalhadores «não vão ficar obviamente satisfeitos com uma proposta de 0,9% e vão querer dar resposta se o Governo não alterar», sublinhando que o Executivo «tem tempo, espaço, meios e condições para o fazer». Por outro lado, Sebastião Santana admitiu que o Executivo dá um sinal errado ao sector privado no que toca à política salarial. 

A reunião de ontem foi a segunda entre estruturas sindicais e a equipa do Ministério da Modernização do Estado e da Administração Pública, depois de, na segunda-feira, as negociações terem arrancado sem que o Governo tenha apresentado uma proposta de aumentos salariais.

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A estrutura sindical dá conta de que o Governo alude a «medidas que vão cair», como a alteração das posições remuneratórias de entrada na carreira dos Assistentes Técnicos e dos Técnicos Superiores, mas que «nunca chegaram a ser mais do que intenções».

Neste sentido, reafirma a necessidade de haver uma resposta à proposta reivindicativa comum para 2022, onde se incluem também, entre outras medidas, a reposição dos dias de férias, a redução dos descontos para a ADSE de 14 para 12 meses e de 3,5 para 1,5%, a reposição do direito a indemnização por acidente em serviço e o fim da precariedade na Administração Pública. 

Em 2021, houve aumentos de 20 euros na remuneração base da Função Pública, para os 665 euros, de modo a ficar igual ao salário mínimo nacional, e em dez euros para os salários que se situavam entre os 665 e os 791,91 euros. Nos últimos 12 anos, apenas em 2020 houve aumentos para todos os trabalhadores da Administração Pública, de 0,3%, em linha com a inflação.

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