Uma moção da Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas, Eléctricas, Farmacêutica, Celulose, Papel, Gráfica, Imprensa, Energia e Minas (Fiequimetal/CGTP-IN), sobre a transformação em curso do sector energético, foi aprovada por unanimidade no recente congresso da Industriall Europa, refere aquela federação sindical portuguesa, em comunicado distribuído nesta quarta-feira.
O documento aprovado defende, nomeadamente: que a transição energética seja feita de forma gradual e equilibrada, sem deixar ninguém para trás; que garanta postos de trabalho sem perda de direitos, com formação de qualidade e reconversão profissional, quando esta for necessária; e que traga progresso à indústria e às economias dos cidadãos e dos países.
São rejeitadas tentativas de abusar do «Fundo para uma Transição Justa» para empreender uma reestruturação económica brutal a pretexto de protecção ambiental, como sucede em Portugal. Nesse particular, os congressistas condenam os encerramentos da central termoeléctrica de Sines e da refinaria de Matosinhos, pelo que representam em perda de emprego e em desaceleração do crescimento económico e industrial.
O projecto europeu do hidrogénio é considerado prematuro. Quanto ao abandono do gás natural como fonte de energia mais limpa e rentável– ao contrário do que acontece no caso alemão, cujo plano de mudanças tem como meta 2038 –, o mesmo é considerado preocupante.
A Industriall Europa (Industriall Trade Union na sua denominação inglesa) é uma federação da Confederação Europeia de Sindicatos (CES) nos sectores da Metalurgia, da Química, da Energia, das Minas, dos Têxteis, do Calçado e outras indústrias relacionadas, em 37 países europeus.
Agrupa 180 sindicatos e federações sindicais da indústria pesada e ligeira, na sua maioria na União Europeia (UE) ou associados desta, que abrangem sete milhões de trabalhadores,
«Construindo uma recuperação para todos»
O terceiro congresso da Industriall Europa realizou-se nos dias 1 e 2 de Junho, a partir de Bruxelas e online, devido à pandemia em curso. Contou com a participação de cerca de seiscentos delegados. Os trabalhos decorreram sob o lema «Construindo uma recuperação para todos, uma voz forte para os trabalhadores da indústria na Europa».
A delegação da Fiequimetal foi composta por Rogério Silva, Manuel Bravo e Mário Matos, membros do Secretariado Permanente da Direcção Nacional da federação.
Além da defesa da moção apresentada, a Fiequimetal proferiu uma intervenção chamando a atenção para a importância de uma mais justa distribuição da riqueza em cada país, assente no aumento dos salários, na redução do horário de trabalho para 35 horas semanais, no combate à generalização do teletrabalho (e pela garantia de que a residência dos trabalhadores não se torne uma extensão do seu local de trabalho), na defesa do emprego e na exigência de alternativas às alterações em curso no sector energético.