No seminário internacional «Transição justa – garantir emprego com direitos», que se realizou na sexta-feira no auditório da sede da CGTP-IN, em Lisboa, foram várias vezes referidos os encerramentos «intempestivos» das centrais termoeléctricas de Sines e do Pego, bem como da refinaria do Porto.
Segundo informa a Fiequimetal (CGTP-IN) na sua página, foram também lembrados «factos mais recentes que comprovam a justeza das críticas dos representantes dos trabalhadores e da firme contestação organizada pela federação e pelos sindicatos».
Helder Guerreiro, dirigente sindical e da Comissão Central de Trabalhadores da Petrogal, disse no encontro que a verdadeira razão para o fecho da refinaria foi revelada quando a GALP, o Município de Matosinhos e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte assinaram um protocolo para a construção de uma mega-urbanização à beira-mar, nos terrenos onde funcionou o complexo petroquímico.
O seminário internacional contou com a participação de dezenas de dirigentes e delegados da Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas e Eléctricas (Fiequimetal), e dos seus sindicatos, alguns dos quais intervêm em grandes empresas, como GALP, EDP, Continental ou VW Autoeuropa.
Luc Triangle, secretário-geral da IndustriaAll Europa, e representantes da Confederação Geral do Trabalho (CGT francesa), das Comisiones Obreras (CCOO) e da Confederação Intersindical Galega (CIG) também participaram no encontro, cuja abertura esteve a cargo de Demétrio Alves, engenheiro químico.
Este, refere a federação sindical, fez uma intervenção de fundo sobre a transição energética e recordou a aprovação, na 70.ª Assembleia Geral da ONU, em 2015, da «Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável», assinalando a «mudança de prioridades depois perpetrada pela governação mundial». Também apresentou alguns dados que põem em causa «a credibilidade e a sustentabilidade das metas definidas pelo Governo português».
«Processo predador, cheio de opacidade»
A intervenção de encerramento coube a Rogério Silva, coordenador da Fiequimetal, que qualificou esta «agenda para a transição energética» como «processo predador, cheio de opacidade, fundamentalista e que visa servir o sector financeiro».
A transição «avança com mais facilidade num sector energético já liberalizado, ainda que hoje esteja desmentida pela realidade as justificações que avançaram os partidários das privatizações e da liberalização», disse.
«Todo este processo, com agenda escondida, serve os lobbies das renováveis, que têm à cabeça grandes fundos de investimento e grandes multinacionais», afimou o dirigente sindical, frisando que não há «debate sério» e que a Fiequimetal e os seus sindicatos «nunca se calaram», na defesa dos trabalhadores e no combate a «um processo que não é de transição», mas «de destruição da capacidade produtiva».
«É preciso continuar a fazer o esclarecimento e estar muito atentos, para que os trabalhadores intervenham em defesa do emprego, da indústria e da soberania do País», alertou.
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