|Federação Nacional dos Médicos (FNAM)

«Com um governo dividido entre a gestão e a propaganda, sobra-nos um SNS em colapso»

Quem o diz é a FNAM que acusa o ministro de «irresponsabilidade» depois de no sábado o Hospital de Santarém ter tido o bloco de partos fechado e uma jovem de 17 anos ter sido transferida para Abrantes para realizar o parto. Um caso que é o reflexo do estado do SNS.

CréditosAntónio Pedro Santos / Agência Lusa

O comunicado da FNAM é duro, mas não tão dura como a realidade imposta pelo Governo ao SNS. Acusando o executivo do PS de ser «um governo dividido entre a gestão e a propaganda» e o ministro de «irresponsabilidade», a FNAM fez uma avaliação dos recentes casos no SNS.

Começando pelo caso uma jovem de 17 anos que no sábado viu a maternidade do Hospital de Santarém fechada e foi transferida para Abrantes para realizar o parto, passando pelo relato dos vários serviços de urgência encerrados de norte a sul do país, dando o exemplo do Hospital São Francisco Xavier que quando não está operacional as únicas hipóteses que existem para a urgência obstétrica são a Maternidade Alfredo da Costa e o Hospital de Cascais, a única conclusão que o SNS está «em colapso».

Tudo isto leva a FNAM a questionar se «é isto que o MS considera ser um funcionamento normal e em rede? É a isto a que Manuel Pizarro chama resposta plena do SNS?». Para a mesma só não acontecem mais desgraças por «sorte» e os médicos não podem confiar na sorte para doentes, mas sim na nossa força de trabalho e na competência técnica.  

Segundo o comunicado, leva a concluir que «com um mau acordo e com um novo regime de trabalho, a dedicação plena, que fere princípios básicos da Constituição, o Ministério da Saúde vai ser  incapaz de fixar e recuperar médicos para o SNS» e que o ministro prefere «gerar dúvidas falaciosas sobre a aplicabilidade de eventuais tabelas remuneratórias, procurando criar ruído para desviar do foco as evidentes insuficiências do SNS».

As duras palavras da estrutura representativa dos médicos que «face à propaganda e à bazófia do Ministro da Saúde e do Governo», é necessário esclarecer todos os médicos que terão aumentos salariais em Janeiro já que cada vez que  Manuel Pizarro «insiste no contrário é constrangedor, porque revela, além do despeito pelos médicos, um profundo desconhecimento da Lei que garante que para trabalho igual, salário igual». 

Para a FNAM, «o governo escuda-se no facto de estar em gestão para não assumir as suas responsabilidades, mas não lhe falta legitimidade para se desdobrar em inaugurações apressadas em cada esquina» e como tal, é necessário «continuar a lutar por salários justos e melhores condições de trabalho, para todos os médicos, e a lutar por um SNS público, universal, acessível e de qualidade, realidade que só se garante com médicos, os médicos de e para toda a população». 
 

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