A Coindu, empresa portuguesa de fabrico de capas têxteis para automóveis com mais de 6 mil trabalhadores, dispersos por fábricas em todo o mundo, beneficiou de um financiamento para um projecto de produção de «outros componentes e acessórios para veículos a motor, no valor total de 3 910 000 de euros». Este projecto, financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e que pode ser consultado no Portal Mais Transparência, estaria em vigor até ao final deste ano.
A empresa, com sede em Joane, Vila Nova de Famalicão, já tinha encerrado, no final de 2023, outra unidade fabril em Arcos de Valdevez, provocando o despedimento de cerca de 350 trabalhadores. Este processo de despedimentos começou depois da aquisição da empresa pela italiana Mastrotto. Poucos mais de um ano depois, a Coindu já está a informar os 123 trabalhadores envolvidos neste novo processo de despedimento colectivo sobre a sua dispensa, que se pode vir a alargar aos 250 trabalhadores que foram colocados em lay-off.
Para além dos 3,9 milhões de euros do PRR, a Coindu beneficiou ainda de cerca de «200 mil euros de apoios estatais só entre 2021 e 2022», acusa o PCP. Em pergunta dirigida ao Governo, os comunistas exigem saber qual a posição assumida pela executivo relativamente ao facto de a «empresa continuar a receber dinheiros públicos, por exemplo no âmbito do PRR, e ao mesmo tempo avançar com processos de despedimentos e lay-off».
Entre as questões colocadas ao Governo pelo PCP, está a necessidade de se conhecerem quais as «condições no contrato de financiamento no âmbito do PRR» que condicionam o financiamento das empresas «à manutenção de um número mínimo de postos de trabalho».
Também o Bloco de Esquerda questionou o Governo em funções, procurando saber se a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) está informada sobre a situação da Coindu e se o despedimento coletivo foi comunicado à Direcção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho.
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