|Assédio Laboral

Assédio laboral não impede luta dos trabalhadores da Haco Etiquetas

Em 2022, 22 trabalhadores da Haco Etiquetas, empresa têxtil da Covilhã, receberam uma falta injustificada por aderirem a uma greve, processo que espera sentença judicial. Sem medos, mais de 80% participou na greve geral.

Créditos / Haco Etiquetas

A Haco Etiquetas, uma empresa portuguesa que, segundo a própria, é uma «potência mundial» e a maior referência no que toca à produção de etiquetas de identificação de marcas, tem mais de 1300 trabalhadores em todo o mundo e produz anualmente 6 mil milhões de produtos para multinacionais como a Adidas, Puma, Nike, Levi's, Calvin Klein ou a Lacoste. O subsídio de alimentação pago por esta «potência» fixa-se, actualmente, nos 2,65 euros em Portugal.

A luta por um subsídio digno já se trava nesta empresa, com operações no Parque Industrial do Canhoso, na Covilhã, há vários anos. Em 2022, uma greve dinamizada pelo Sindicato dos Trabalhadores do Sector Têxtil da Beira Interior (SINTTELVEC-BI/CGTP-IN) em várias empresas têxteis da região resultou num caso de assédio laboral contra dezenas de trabalhadores na Haco: 22 trabalhadores receberam uma falta injustificada por aderirem a essa acção de luta.

A acção de assédio da empresa levou o SINTTELVEC-BI a avançar com um processo judicial que apenas foi a julgamento três anos depois, a 2 de Dezembro de 2025, ainda sem sentença proferida. Em sua defesa, a Haco alega que estes trabalhadores «não descontavam a sua cota directamente pela empresa», pelo que «não sabia se eram ou não sindicalizados». Para além diso, à posteriori, «não apresentaram justificação», algo que o sindicato afirma não ser obrigatório.

O SINTTELVEC-BI relembra que os trabalhadores sindicalizados não são os únicos a ter o «direito a fazer greve», para além de que «muitos trabalhadores pagam as suas cotas na sede, por débito directo ou aos delegados sindicais», sem a intervenção da Haco.

Em comunicado, o sindicato dirige uma saudação especial a estes trabalhadores pela «coragem de mais uma vez, em unidade, defenderem os seus direitos e demonstrar assim à empresa que não cedem à pressão nem à chantagem». No 1.º turno, a adesão à greve geral foi de 95%, no 2.º turno, de 70%. Para além de não aceitarem este pacote laboral, estas muitas centenas de trabalhadores «exigem o aumento do subsídio de alimentação».

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