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A Brisa Concessão Rodoviária, empresa privada que faz a gestão das principais autoestradas em Portugal, não fugiu à regra. As dificuldades que afectam os trabalhadores e a população que vive em Portugal, vítimas de um enorme aumento do custo de vida, não se aplicam aos grande grupos económicos, que continuam a aumentar, e muito, os seus lucros. Em 2023, esta empresa registou 276,6 milhões de euros de lucros, um valor recorde que representa um crescimento de 25,6% face ao ano anterior.

Face a estes lucros, a Brisa já tomou medidas e mandou aplicar o aumento dos preços das portagens em 2,1%, já em 2024, subsidiando a acumulação por parte do patronato.

A empresa liderada por António Pires de Lima, antigo ministro do Governo de Passos Coelho e dirigente do CDS-PP, continua a centrar a sua acção num modelo de baixíssimos salários. Para 2024, a Brisa propôs «um miserável aumento de 3,5% e meia dúzia de euros para as categorias profissionais com salários mais baixos», refere nota do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP/CGTP-IN).

Esta situação toma contornos caricatos tendo em conta que, neste momento, não existem trabalhadores na categoria profissional que recebeu os mais significativos aumentos salariais: os Operadores de Portagem A. Tenha sido, esta decisão, tomada ou por engano ou para sustentar a ilusão de que a Brisa se preocupa com a vida dos seus trabalhadores, o resultado é idêntico: a classe empresarial portuguesa não pode deixar de se sentir envergonhada com esta golpada.

«Há dinheiro para tudo menos para os trabalhadores»

«Já chega de tostões. Os trabalhadores estão a organizar-se. Queremos mais salário, Queremos melhores carreiras». O CESP anunciou, em comunicado enviado à imprensa, já ter alertado a empresa para o clima de descontentamento que «está a crescer» na Brisa. É preciso, ao contrário do que tem sido prática, «responder aos anseios dos trabalhadores».

«A conversa está a esgotar-se e começa a abrir-se espaço para a luta no terreno. Os trabalhadores estão cientes que a sua intervenção pode decidir os seus futuros e das suas famílias». Na segunda metade do mês de Março, os trabalhadores vão realizar vários plenários para começar a discutir possíveis acções de luta contra os abusos patronais.