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12 dias de greve dos trabalhadores da inspecção sanitária e veterinária

O Governo PS e a Direcção-Geral da Alimentação e Veterinária não deram, até ao momento, qualquer resposta às reivindicações destes profissionais. Foram, no entanto, céleres a definir serviços mínimos.

Protesto de veterinários ao serviço da Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), convocado pelo Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Norte, para protestar contra a municipalização e descentralização de competências da DGAV e pela revogação imediata do DL n.º 20/2019, de 30 de Janeiro. Lisboa, 11 de Junho de 2019 
CréditosRodrigo Antunes / Agência Lusa

Começou hoje, 19 de Dezembro de 2022, o primeiro de 12 dias de greve dos trabalhadores com funções de inspecção sanitária e veterinária, da Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV). Até ao próximo dia 30, estes trabalhadores vão travar o sector, o que já levou o Governo PS a decretar serviços mínimos para salvaguardar os interesses das empresas que gerem matadouros.

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Violação da greve dos inspectores em Famalicão põe em causa saúde pública

Aumenta a adesão à greve dos médicos veterinários, que exigem a criação da carreira especial de inspecção sanitária. Matadouro em Famalicão está a proceder ao abate de animais sem inspecção oficial.

A federação denuncia «tentativas de desmobilização levadas a cabo por diversos responsáveis» da DGAV
CréditosPaulo Cunha / Agência Lusa

Segundo informação recebida pela Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (FNSTFPS/CGTP-IN), desde segunda-feira que o matadouro Central Carnes, em Famalicão, no distrito de Braga, está proceder «ao abate de milhares de porcos, sem que haja a presença de um inspector sanitário oficial». 

«A Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) impôs a presença no local de dois veterinários estagiários e de um veterinário sem qualquer contrato celebrado com a DGAV ou a Câmara Municipal de Famalicão», lê-se na nota emitida pela federação, sublinhando que se trata de «uma violação grave da lei» e «poderá pôr em causa a saúde pública».  

A estrutura sindical acrescenta que, «estes e outros factos» desmentem «em absoluto» as afirmações à imprensa por parte do director-geral da DGAV, «que disse não se estarem a verificar por parte daquela entidade quaisquer violações da lei da greve». 

«Falta de vontade política»

Para a Federação dos Sindicatos, este «conflito laboral» estaria resolvido se o ministro da Agricultura e o secretário de Estado da Agricultura e Alimentação já tivessem apresentado uma proposta de criação da carreira de inspecção sanitária, há muito reivindicada pelos trabalhadores que cumprem hoje o quarto dia de greve.  

A federação fala de uma «manifesta falta de vontade política» e responsabiliza os governantes pelos eventuais prejuízos causados aos produtores e na cadeia de distribuição alimentar.   

A par da criação de uma carreira de inspecção veterinária, os médicos veterinários e auxiliares de inspecção estão contra o processo de municipalização da inspecção sanitária, reivindicam o fim dos recibos verdes e melhores condições de trabalho.

O pagamento dos subsídios de turno e das deslocações em serviço, e a contratação de mais profissionais são algumas das exigências. 

A federação realça que, na segunda-feira, 30 de Abril, a «maior parte dos matadouros do Norte e do Centro» fecharam portas devido à greve dos trabalhadores. Ontem, 12 dos 22 matadouros de Lisboa e Vale do Tejo estiveram encerrados devido à greve de seis dias que termina este sábado. 

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Inspectores dos matadouros exigem direito à carreira
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«Estão garantidos os procedimentos que têm que ver com bem-estar animal, catástrofes e abates sanitários», pode ler-se na nota do Governo. A decisão de impor serviços mínimos à acção de luta surge depois da associação patronal do sector, a Associação Portuguesa dos Industriais de Carnes (APIC), tentar criar um pânico sobre uma potencial falta de carne durante o natal.

Embora acorra, de imediato, aos bramidos histéricos dos patrões, o Governo PS não soube dar qualquer resposta às muitas exigências dos trabalhadores. Em comunicado, a Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (FNSTFPS/CGTP-IN) destaca a reivindicação da «criação da carreira de inspecção sanitária e a integração, na nova carreira, de todos os trabalhadores com as funções correspondentes», substituindo a carreira de inspecção veterinária.

Uma longa batalha

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Greve na inspecção sanitária até Junho pela revisão da carreira

Os trabalhadores de inspecção sanitária da Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária irão estar em greve ao trabalho normal nocturno, extraordinário e em dias de descanso de 3 de Março a 30 de Junho.

Créditos / CGTP-IN

Para lutar pela revisão do Decreto-Lei n.º 141/2019, que criou a carreira de inspecção sanitária, e contra o processo de municipalização da inspecção veterinária, estes profissionais estarão em greve prolongada.

Os trabalhadores denunciam de ter sido criada uma carreira especial cuja abrangência é limitada, «deixando de fora todos os trabalhadores não veterinários».

Em nota enviada à imprensa pela Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (FNSTFPS/CGTP-IN), a estrutura denuncia o Governo por criar uma carreira que «não dignifica os trabalhadores com funções de inspecção sanitária» e que desvaloriza salarialmente quem para esta nova carreira transitou.

Esta luta visa igualmente pôr fim ao processo de transferência de competências para os municípios, nos domínios da protecção e saúde animal, e da segurança de alimentos, processo que representa «um grave retrocesso em matéria de saúde pública, visto estar-se a colocar em causa a operacionalidade da actividade inspectiva e a esvaziar de conteúdo e de competências a Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária», refere o documento.

«A luta destes trabalhadores pela defesa de melhores condições de trabalho, por uma carreira específica, é indissociável da defesa das funções sociais do Estado e da defesa da saúde pública», pode ler-se na nota.

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A greve não é estranha a estes profissionais. Desde Julho (e até ao final de Dezembro), estes trabalhadores fazem greve ao trabalho prestado em dias de descanso semanal, feriados e trabalho extraordinário.

São vários os motivos que motivam esta acção de luta: «a aprovação de um suplemento remuneratório pela disponibilidade permanente a que estão sujeitos; a definição do domicílio profissional em termos mais favoráveis para os trabalhadores; e a melhoria das suas condições de trabalho, no que toca a horários, duração de trabalho e transportes em serviço».

A DGAV tem ainda de encontrar uma solução urgente para a falta de viaturas de serviço, «a fim de evitar a recorrente utilização das viaturas particulares por parte dos trabalhadores com funções de inspecção sanitária», avisa a federação sindical.

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