|Pobreza

«Elevador social» está parado e sem manutenção, conclui-se do estudo do INE

Segundo um estudo do INE, a taxa de pobreza entre crianças cujos pais têm apenas o ensino básico é de 34,3%, valor quase quatro vezes superior aos 8,9% registados entre filhos de pais com ensino superior.

Em Portugal, a pobreza não atinge todos da mesma forma. Um retrato estatístico detalhado, baseado no mais recente Inquérito às Condições de Vida e Rendimentos do Instituto Nacional de Estatística (INE), revela um fosso abismal: 34,3% das crianças cujos pais têm apenas o ensino básico vivem em situação de pobreza. Em contraste, quando os pais têm um diploma do ensino superior, essa taxa cai drasticamente para 8,9%.

A análise, realizada pelo investigador Carlos Farinha Rodrigues, confirma que a escolaridade é o factor que mais influencia o risco de pobreza infantil, sendo a taxa quase quatro vezes superior no primeiro grupo. «Isto mostra-nos a importância da educação e das qualificações na tentativa de sair da pobreza. A escola é talvez a medida mais efetiva de combate à pobreza», afirmou o especialista ao Público.

Este cenário é particularmente preocupante num contexto em que a pobreza geral no país baixou, no entanto, cerca de 300 mil crianças portuguesas continuam a viver na pobreza, e este grupo foi o que menos beneficiou com a suposta melhoria económica, com uma redução de apenas 0,2 pontos percentuais no último ano.

Os adolescentes entre os 12 e os 17 anos são a faixa etária com maior risco (19,2%), representando 40% de todas as crianças pobres. A estrutura familiar é outro determinante crucial, com uma em cada quatro crianças pobres a viver em agregados monoparentais, na sua maioria chefiados por mães solteiras, onde a taxa de pobreza ultrapassa os 35% e, contrariando a tendência nacional, aumentou 4,1 pontos percentuais.

Um dado significativo indica que 75% das crianças pobres vivem em famílias onde o trabalho é a principal fonte de rendimento, evidenciando problemas como baixos salários e precariedade laboral.

Geograficamente, a pobreza infantil concentra-se nas áreas metropolitanas: 54% das crianças e jovens pobres residem na Grande Lisboa e no Norte. A desigualdade é também marcante pela nacionalidade: a taxa de pobreza entre filhos de pais imigrantes é de 38%, muito acima dos 15,8% registados entre crianças de pais portugueses.
 

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