|Pobreza

Há 330 mil crianças em risco de pobreza

Apesar da trajectória recente, cerca de 330 mil crianças estão em risco de pobreza em Portugal. 

Créditos / oseculo.pt

Os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE), relativos a 2017, mostram que o risco de pobreza entre as crianças e jovens até aos 18 anos era de 19%, o que, num universo de mais de 1 729 675 menores, representa perto de 330 mil crianças.

Em declarações à agência Lusa, o investigador e docente da Universidade do Minho, especialista em sociologia da infância, Manuel Sarmento, confirmou que o sector da população entre os zero e os 18 anos é o grupo mais afectado pela pobreza em termos percentuais. «O que significa que há mais crianças pobres do que adultos pobres ou idosos pobres», apontou.

«As crianças continuam a ser efectivamente o grupo populacional mais afectado pela pobreza, designadamente o que se chama pobreza monetária, ou seja, que vivem em agregados familiares cujo rendimento per capita é inferior a 60% da mediana do rendimento nacional per capita», explicou Manuel Sarmento.

Já a professora do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), da Universidade de Lisboa, e investigadora na área da pobreza infantil, Amélia Bastos salientou que, apesar de ter havido algumas melhorias nos últimos anos, as crianças continuam a ser um grupo «particularmente exposto à pobreza».


«As famílias com crianças, apesar do desagravamento, são aquelas que apresentam maior risco de pobreza relativamente àquelas que não têm crianças», referiu, acrescentando que nos últimos anos «houve uma melhoria generalizada no nível de vida, mas as crianças continuam a ser o grupo com maior incidência de pobreza monetária».

Na legislatura que está prestes a terminar foram implementadas medidas que contribuíram para aliviar o esforço financeiro das famílias, designadamente das famílias com filhos. O alargamento dos abonos de família e pré-natal, a gratuitidade dos manuais escolares ou a redução dos custos de gás e electricidade são alguns exemplos do que foi possível avançar em termos de redução da pobreza, designadamente das crianças.  

Tal como sublinhou o professor Manuel Sarmento, nunca será possível combater a pobreza nas crianças se não se combater a pobreza dos pais, defendendo uma intervenção mais articulada consoante as necessidades dos mais novos.

O investigador realçou que «é absolutamente fundamental» uma política integrada para a infância, para todas as crianças e não só as mais pobres, notando que ainda existe uma «excessiva compartimentação do que são as políticas públicas».

Hoje assinala-se o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza.

Com agência de Lusa

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