Em declarações à imprensa na manhã de domingo, Muhammad Abu Salmiya, director do complexo hospitalar al-Shifa, disse que as equipas médicas não vão abandonar os pacientes, no meio da ofensiva terrestre israelita em grande escala contra a Cidade de Gaza.
Vamos continuar o nosso trabalho, apesar da destruição, da falta de medicamentos e dos ataques às nossas casas e famílias, afirmou, acrescentando que os profissionais da saúde se mantêm firmes no compromisso de salvar vidas e cuidar dos feridos, mesmo nas condições mais «insuportáveis».
O al-Shifa já foi o maior complexo hospitalar na Faixa de Gaza, mas hoje está praticamente em ruínas, depois de ter sido alvo de intensos bombardeamentos aéreos e de artilharia por parte das forças de ocupação, em diversas ocasiões.
O actual director passou mais de sete meses nas cadeias israelitas, com a ocupação a alegar que a resistência palestiniana usava o hospital como base para o «terrorismo», refere a Al Jazeera.
Acabou por sair sem «acusações» mas depois de ter sido submetido a sessões de tortura e de humilhação. No sábado, um ataque israelita contra a sua casa de família, no campo de refugiados de al-Shati, matou pelo menos cinco pessoas, incluindo o seu irmão, cunhada e filhos.
Neste sentido, a fonte destaca que Abu Salmiya está a tentar dar o exemplo, no meio de «condições horrendas».
«As nossas equipas médicas continuam a realizar a sua missão humanitária neste complexo hospitalar sob forte pressão», disse o director, na Cidade de Gaza.
«A sua mensagem continua: servimos os doentes e os feridos o melhor que podemos», frisou, alertando para a política de limpeza étnica levada a cabo por Israel e condenando os ataques directos a unidades hospitalares e pessoal médico.
«São heróis»
Uma médica australiana a trabalhar como voluntária no hospital destacou as condições «horríveis» em que o pessoal médico trabalha.
«Pude constatar a capacidade de resistência destes médicos... são literalmente heróis», disse a médica australiana à Al Jazeera, explicando que médicos, enfermeiros e estudantes de medicina estão a viver e a trabalhar no hospital.
«Estamos aqui há apenas duas semanas e simplesmente não conseguimos abranger a dimensão do trauma e do trabalho duro. Não creio que um ser humano possa sobreviver e aguentar aquilo por que estamos a passar», disse.
O hospital a-Shifa é uma de muitas infra-estruturas da saúde que foram quase inteiramente destruídas pelas forças de ocupação no enclave.
Ahmed al-Farra, director de pediatria do Hospital Nasser, em Khan Yunis, no Sul de Gaza, sabe bem as condições terríveis que as equipas médicas sofrem em todo o território e destacou o facto de, desde o início da agressão, Israel ter estado a atacar o pessoal médico, «metendo-o na cadeia ou matando as suas famílias».
De acordo com as autoridades na Faixa de Gaza, a ocupação matou pelo menos 1670 trabalhadores do sector nos últimos dois anos.
As mesmas fontes, a que a Wafa se refere, indicam que, desde Outubro de 2023 até ontem, os ataques israelitas provocaram pelo menos 65 283 mortos e 166 575 feridos entre os palestinianos, na sua maioria mulheres e crianças.
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