«Estamos a assistir a uma perigosa escalada na Cidade de Gaza, onde as forças israelitas intensificaram as suas operações e ordenaram a todos que se deslocassem para sul», afirmam em comunicado as organizações que operam nos territórios palestinianos ocupados, frisando que isto está a acontecer quinze dias depois de a fome ter sido confirmada na cidade e nas suas imediações.
Agências da ONU e organizações humanitárias destacam que a chamada «zona humanitária» no Sul – assim designada, de forma unilateral, por Israel – não possui condições adequadas para os que para ali já foram deslocados à força, «quanto mais para os recém-chegados».
Afirmando que quase um milhão de pessoas estão agora sem «opções seguras ou viáveis», a equipa humanitária conjunta destaca que deixar o Norte do enclave tem custos proibitivos ao nível do transporte para as famílias, que são obrigadas a enfrentar condições inseguras e sobrelotadas, e têm de continuar a lutar pela garantia de comida, água, cuidados médicos e abrigo.
«A iminente destruição da Cidade de Gaza faz soar o mais grave dos alarmes», alerta o texto, acrescentando que, «por entre os impedimentos israelitas em curso, os níveis actuais de ajuda humanitária são inteiramente insuficientes».
Neste sentido, as organizações sublinham que os civis nunca são alvos legítimos e pedem ao mundo que «actue», «exija um cessar-fogo imediato», «defenda o direito internacional humanitário». «Esta catástrofe é provocada pelo homem e a responsabilidade é de todos nós», afirmam.
Palestinianos em Gaza vivem «sem o básico da dignidade humana»
Também a Unrwa – a agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos – reiterou o apelo a um cessar-fogo imediato, bem como ao «levantamento da proibição a materiais que salvam vidas».
Sublinhando os mais de 700 dias de «guerra incessante» no enclave, a Unrwa alerta para o «pesadelo constante» em que as pessoas vivem.
«Uma vida sem descanso, sem segurança, sem o básico da dignidade humana», afirma na sua conta de Twitter (X).
Numa outra publicação na mesma rede social, destacou o facto de as operações militares israelitas na Cidade de Gaza estarem a forçar a deslocação dos seus habitantes.
«As pessoas não têm para onde ir. Nenhum local é seguro em Gaza. Ninguém está a salvo», declara a Unrwa.
Número de mortes a subir
As autoridades de saúde no território palestiniano confirmaram ontem novas mortes em resultado da ofensiva genocida israelita, elevando para 64 718 o número de vítimas desde 7 de Outubro de 2023.
Destas, 2465 são pessoas que foram mortas pela ocupação enquanto procuravam comida e ajuda, revela a Wafa, enquanto 411 faleceram devido à fome imposta (142 das quais crianças).
No mesmo período – de 7 de Outubro de 2023 até ontem –, foram confirmadas 163 859 pessoas feridas em resultado dos ataques israelitas. Na sua maioria, as vítimas são mulheres e crianças.
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