«Um grupo de pessoas que vinha de uma manifestação no Martim Moniz», segundo Maria do Céu Guerra, agrediu esta terça-feira um actor que ia actuar na peça Amor é um fogo que arde sem se ver..., um espectáculo d'A Barraca no Teatro Cinearte.
De acordo com a actriz e encenadora, cerca de 30 provocadores estavam nas imediações do teatro e «começaram por provocar uma actriz, que vinha com uma camisola com uma estrela, e que vinha com 'headphones' e, portanto, nem ouviu o que diziam». No seguimento da primeira provocação, tentaram atacar um dos actores. Foi no decorrer deste momento de tensão que «chegou o Adérito Lopes, que se vinha preparar, uma hora antes do espectáculo, e foi agredido violentamente».
À RTP3, a actriz disse que Adérito Lopes «ficou com um olho deitado abaixo». Quando questionada sobre as motivações do ataque, Maria do Céu Guerra não hesitou e disse que tinham sido «políticas», o que ficou evidente pelo tipo de comentários contra a esquerda que estavam a ser proferidos.
Ao que se sabe, após os 30 se terem metido em fuga, um integrante foi capturado pela PSP. O grupo fez questão de deixar um autocolante à porta do teatro que dizia «Portugal aos Portuguezes» e tinha o símbolo do Reconquista, um grupo de extrema-direita neofascista que surgiu na internet, cujo líder é abertamente apoiante do Chega.
Adérito Lopes encontra-se neste momento hospitalizado e sob observação, não havendo, para já, novidades do seu estado de saúde. Maria do Céu Guerra adiantou que o actor estava a realizar exames.
O Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, marca o dia em que Alcindo Monteiro foi violentamente espancado por um grupo de skinheads, em 1995. Alcindo viria a morrer dois dias depois, não resistindo ao crime de ódio.
Na manhã de hoje, nas celebrações oficiais do 10 de Junho em Lagos, a escritora Lídia Jorge, enquanto presidente da Comissão Organizadora das Comemorações, lembrou que «somos descendentes do escravo e do senhor que o escravizou, filhos do pirata e do que foi derrubado, mistura daquele que punia até à morte e do misericordioso que lhe limpava as feridas» e questionou: «quando ficarem em causa os fundamentos institucionais, científicos, éticos, políticos e os pilares de relação de inteligente homem/máquina, que lugar ocuparemos nós como seres humanos?».
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