O Vida Justa começou com reuniões nos bairros e alastrou-se a outras zonas da Grande Lisboa. O objectivo é obrigar o Governo e o Parlamento a tomarem medidas sérias para impedir a hecatombe social, perante uma inflacção que não é combatida com medidas justas do ponto de vista político e social.
Neste sentido, um grupo de cidadãos lançou esta quinta-feira um manifesto e marcou para 25 de Fevereiro uma manifestação em Lisboa, coincidindo com mobilizações nos bairros, para exigir medidas urgentes de combate à inflação e ao aumento do custo de vida, com o lema: «Basta de aumento de preços, vida justa.»
O manifesto «Vida Justa» conta com mais de 150 subscritores, entre «moradores dos bairros, pessoas dos movimentos sociais e outros cidadãos», de vários sectores da sociedade, e exige a «defesa dos bairros e da dignidade de vida dos que trabalham e que criam a riqueza do país».
«Não pode ser sempre o povo a pagar tudo, enquanto os mais ricos conseguem ainda ficar mais ricos», diz o manifesto do Vida Justa, que foi já subscrito por dezenas de moradores de bairros e figuras como o músico Dino D’Santiago, o rapper Chullage, a actriz Ana Sofia Martins, o activista António Brito Guterres, o historiador Manuel Loff e o economista João Rodrigues. Paula Gil, Nuno Ramos de Almeida e Tiago Mota Saraiva, que estiveram na organização do Que se Lixe a Troika, também fazem parte do movimento Vida Justa.
Os porta-vozes são o rapper Flávio Almada (LBC), da Cova da Moura, e Joana Mouta, da associação Passa Sabi (Bairro do Rego).
No dia 25 de Fevereiro «estaremos na rua para exigir ao Governo que nos ouça e que cumpra estas medidas mínimas que propomos para que a crise seja combatida com justiça e igualdade», lê-se na nota.
Os subscritores apelam a «uma vida justa» e ao fim do aumento de preços: «Todos os dias os preços sobem, os despejos de casas aumentam e os salários dão para menos dias do mês. As pessoas estão a escolher se vão aquecer as suas casas ou comer.»
«É preciso dar poder às pessoas para conseguirem ter uma vida digna. Exigimos um programa de crise que defenda quem trabalha: os preços da energia e dos produtos alimentares essenciais devem ser tabelados; os juros dos empréstimos das casas congelados, impedir as rendas especulativas das casas, os despejos proibidos; deve haver um aumento geral dos salários acima da inflação; medidas para apoiar os comércios, pequenas empresas e os postos de trabalho locais e valorizar económica e socialmente os trabalhos mais invisíveis como o de quem trabalha na limpeza», detalham.
O manifesto destaca que «a crise parece não ter fim», lembrando que «depois da pandemia vieram as guerras e as sanções e com elas a crise social e a ameaça de recessão económica».
«As pessoas são vítimas de uma sociedade que acha normal pagar mal a quem trabalha. Quando começou a pandemia, a gente dos bairros continuou a cumprir o seu dever, quando muitos recolheram a casa. As trabalhadoras da limpeza continuaram a trabalhar, os dos transportes a manter o país a funcionar, os operários da construção civil a ir para as obras, os trabalhadores dos supermercados continuaram a sacrificar-se por toda a gente», escrevem.
O Vida Justa afirma que é necessário haver uma resposta popular a políticas que condenam a maioria da população e enriquecem uma minoria de especuladores.