Passar para o conteúdo principal

Foi no passado dia 7 de Agosto que o Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira (SESARAM) foi alvo de um ciberataque que atingiu todos os estabelecimentos de saúde, incluindo cuidados de saúde primários e hospitalares. Segundo a FNAM, até ao meio-dia desta terça-feira, continuava impossibilitada a realização de consultas e o registo informático dos dados decorrentes das mesmas, incluindo a medicação crónica.

«A informação veiculada da reposição de uma presumível normalidade na actividade assistencial não se verificou e a utilização provisória de papéis individualizados para cada utente não anula o facto [de] ser impossível consultar os registos médicos e de analisar, numa linha temporal, os achados anteriores e suas implicações no presente e no futuro da história natural da doença», lê-se numa nota da Federação.

Para além desta situação, a FNAM denuncia que a «evidente» fragilidade informática do SNS, observada «um pouco por todo o País», passa também pela ineficiência, com os sistemas informáticos «sistematicamente condicionados, nomeadamente a PEM (Prescrição Electrónica de Medicamentos)».

Na Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve, desde a passada sexta-feira que se «multiplicam os problemas no acesso ao SClínico, o que impede a concretização de consultas, prescrição de terapêutica e acesso aos antecedentes dos doentes», tanto a nívrl hospitalar como de cuidados de saúde primários. A Norte, no Centro Hospitalar Universitário de Santo António (Porto), «têm ocorrido falhas semanais nas actualizações dos sistemas de segurança e operativos, gerando a impossibilidade de abertura do SClínico». Entre outras debilidades, a FNAM refere que o «uso de impressoras e de vários softwares anteriormente instalados nos vários computadores estão frequentemente condicionados», identificando-se igualmente falhas na geração de relatórios clínicos e exames para posterior impressão. 

Também no Centro Hospitalar da Póvoa de Varzim/Vila do Conde, uma falha nos meios informáticos, desde o passado dia 30 de Julho, motivou a entrega de declarações de escusas de responsabilidade de vários médicos. «A falha dos sistemas informáticos, como o acesso ao SClínico ou ao RSE, resultou na impossibilidade de acesso a informações imprescindíveis para o atendimento dos doentes em segurança», critica a FNAM, acrescentando que a situação «transgride a vinculação a deveres éticos e deontológicos, como também à própria consciência de cada médico», uma vez não estarem reunidas condições de segurança para a prestação da actividade clínica.

A estrutura sindical frisa que a raiz do problema «está na falta de investimento estrutural», não apenas no plano humano, mas também na capacidade logística, e defende que, apesar de a lei obrigar ao registo informático, os médicos não podem ser responsabilizados por situações às quais são alheios. Neste sentido, defende que os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, responsáveis por esta área funcional, «não podem continuar na impunidade, isentos de qualquer responsabilização».